Sob pressão internacional, Israel abre nova passagem humanitária em Gaza
Comboio humanitário com número não especificado de veículos entrou no enclave palestino nesta sexta-feira
Sob intensas críticas e até ameaça de sanções de países ocidentais, Israel enviou nesta sexta-feira, 12, o primeiro comboio de caminhões com ajuda humanitária a palestinos através de uma nova travessia ao norte da Faixa de Gaza, aberta um dia antes.
A abertura da travessia foi anunciada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), em comunicado, mas o número de caminhões e da ajuda humanitária em si não foi informado.
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No início da guerra, veículos só entravam em Gaza a partir da passagem de Rafah, no Egito. Pouco depois, as FDI abriram a passagem de Kerem Shalom, ao sul da Faixa, e permitiram que caminhões de ajuda humanitária usassem uma estrada militar no centro de Gaza e entrassem através de uma passagem conhecida como Portão 96.
Pressão internacional
A decisão de enviar ajuda humanitária se dá em meio à crescente pressão internacional. Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, afirmou que a comunidade internacional deveria pressionar Israel a permitir que mais ajuda humanitária entre na Faixa de Gaza, sugerindo inclusive impor sanções econômicas contra o país em guerra.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse no mês passado que as restrições de Israel à entrada de ajuda humanitária em Gaza podem constituir uma “tática de fome”, que pode se configurar como um crime de guerra.
Um relatório das Nações Unidas divulgado também no mês passado alertou que a fome era “iminente” no enclave palestino, especialmente na porção norte. O documento previa que uma situação generalizada de fome começasse entre março e abril. Além disso, de acordo com a ONG Oxfam, o número de pessoas que enfrentam “níveis catastróficos” de fome quase duplicou desde dezembro.
Israel nega estar bloqueando a entrada de insumos básicos, como alimentos, medicamentos e água potável. Segundo Tel Aviv, a escassez é resultado de falhas logísticas por parte das organizações humanitárias que coordenam as entregas, ou de desvios de suprimentos pelo grupo terrorista palestino Hamas.
Já as agências humanitárias dizem que as entregas são dificultadas por uma combinação de obstáculos logísticos, postos de controle danificados e burocracia por parte de Israel.
Relatando o desafio de chegar às áreas mais necessidades, a porta-voz da agência da ONU para a infância, Tess Ingram, disse que estava em uma missão de ajuda na terça-feira, 9, quando o Toyota LandCruiser blindado com a marca da ONU, em que ela estava, foi baleado.
“Se não estivéssemos em um veículo blindado, a janela teria quebrado e as coisas poderiam ter sido muito piores”, disse.