França sugere sanções para pressionar Israel a flexibilizar cerco a Gaza
Chanceler francês, Stéphane Séjourné, pede que a comunidade internacional exija que Tel Aviv permita a entrada de mais ajuda humanitária no enclave
O ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, afirmou nesta terça-feira, 9, que a comunidade internacional deveria pressionar Israel a permitir que mais ajuda humanitária entre na Faixa de Gaza, sugerindo inclusive impor sanções econômicas contra o país em guerra.
“Precisamos de alavancas de influência, e existem múltiplas alavancas, como as sanções, para permitir que a ajuda humanitária atravesse os postos de controle”, disse ele aos veículos de comunicação franceses Rádio RFI e France 24.
“A França foi um dos primeiros países a propor sanções da União Europeia contra assentamentos judeus, que cometem atos de violência na Cisjordânia. Continuaremos (com a proposta), se necessário, para conseguir abertura para a ajuda humanitária”, acrescentou o chanceler.
Bloqueio a Gaza
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse no mês passado que as restrições de Israel à entrada de ajuda humanitária em Gaza podem constituir uma “tática de fome”, que pode se configurar como um crime de guerra.
Um relatório das Nações Unidas divulgado também no mês passado alertou que a fome era “iminente” no enclave palestino, especialmente na porção norte. O documento previa que uma situação generalizada de fome começasse entre março e abril. Além disso, de acordo com a ONG Oxfam, o número de pessoas que enfrentam “níveis catastróficos” de fome quase duplicou desde dezembro.
Israel nega estar bloqueando a entrada de insumos básicos, como alimentos, medicamentos e água potável. Segundo Tel Aviv, a escassez é resultado de falhas logísticas por parte das organizações humanitárias que coordenam as entregas, ou de desvios de suprimentos pelo grupo terrorista palestino Hamas.
Já as agências humanitárias dizem que as entregas são dificultadas por uma combinação de obstáculos logísticos, postos de controle danificadas e burocracia por parte de Israel.
Restrições da Turquia
Também nesta terça-feira, a Turquia anunciou restrições comerciais contra Israel, proibindo ou reduzindo a exportação de produtos de 54 categorias ao país no Oriente Médio até que haja um cessar-fogo em Gaza.
Tel Aviv prometeu revidar e tomar medidas contra Ancara, acusando-a de violar acordos comerciais entre as duas nações. O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, criticou duramente o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, pela decisão.
“Erdoğan está mais uma vez sacrificando os interesses econômicos do povo da Turquia por seu apoio aos assassinos do Hamas em Gaza que estupraram, assassinaram e profanaram vivos os corpos de mulheres, meninas, adultos e crianças queimadas”, escreveu ele em um post no X, antigo Twitter.