Agora é oficial: os Estados Unidos voltaram ao acordo climático de Paris nesta sexta-feira, 19. Embora seja uma atitude simbólica, há expectativa de que o governo americano anuncie nos próximos meses metas agressivas para redução de poluentes no país. O enviado para assuntos climáticos, John Kerry, participará de eventos virtuais nesta sexta-feira para marcar a reentrada.
O retorno dos EUA ao acordo de Paris tornou-se oficial quase um mês depois que o presidente Joe Biden anunciou sua intenção no dia da posse. “Um grito de sobrevivência vem do próprio planeta”, disse Biden em seu discurso inaugural. “Um grito que não pode ser mais desesperado ou mais claro do que agora.”
Um estudo recente realizado pelas universidades de Harvard, Birmingham, Leicester e College London revelou que, em 2018, em razão da queima de combustíveis fósseis, 8,7 milhões de pessoas morreram no mundo, quase 20% de todas as mortes ocorridas naquele ano.
Biden assinou uma ordem executiva em seu primeiro dia de mandato, revertendo a retirada ordenada pelo ex-presidente Donald Trump. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse na quinta-feira que a reentrada oficial americana “é muito importante”, assim como o anúncio de Biden de que os EUA voltarão a oferecer ajuda climática às nações mais pobres, conforme prometido em 2009.
“As mudanças climáticas e a diplomacia científica nunca mais poderão ser ‘complementos’ em nossas discussões de política externa”, disse o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em um comunicado. “Enfrentar as ameaças reais das mudanças climáticas e ouvir nossos cientistas está no centro de nossas prioridades de política interna e externa. É vital em nossas discussões sobre segurança nacional, migração, esforços internacionais de saúde e em nossa diplomacia econômica e negociações comerciais.”
Cientistas e diplomatas estrangeiros saudaram o retorno dos EUA ao tratado. Trump foi responsável pela saída do acordo assinado em 2015, alegando que custaria muito caro. Biden prometeu estabelecer um plano para zerar as emissões nos EUA até 2050. Cientistas disseram que essa meta está alinhada com o que é necessário, ao mesmo tempo em que enfatizam que as emissões globais precisam cair pela metade até 2030, para evitar os impactos mais devastadores ao planeta.
Essas medidas formarão a espinha dorsal da próxima meta de redução de emissões de Washington, a ser anunciada antes da cúpula climática que Biden sediará em 22 de abril. A próxima conferência da ONU será em novembro, em Glasgow, na Escócia.
Um antigo objetivo internacional, incluído no acordo de Paris com metas ainda mais agressivas, é manter o aquecimento abaixo de 2°C desde os tempos pré-industriais. O mundo já aqueceu 1,2°C desde aquela época.