Rússia testa novo míssil com capacidade nuclear ‘sem igual’, anuncia Putin
Apesar de conhecimento de serviços ocidentais sobre desenvolvimento do Sarmat, lançamento acontece em momento tenso das relações diplomáticas do país
O governo da Rússia afirmou nesta quarta-feira, 20, que testou o lançamento de seu novo míssil balístico intercontinental com capacidade nuclear, o Sarmat, uma adição ao arsenal do país que, segundo o presidente Vladimir Putin, “dará o que pensar aos que tentam ameaçar nosso país”.
Em imagens veiculadas por redes de TV russas, Putin foi informado por militares que o míssil havia sido lançado de Plesetsk, no noroeste do país, e atingiu alvos a na península de Kamchatka, a quase 6 mil quilômetros de distância.
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“O novo complexo tem as mais altas características táticas e técnicas e é capaz de superar todos os meios modernos de defesa antimísseis. Não tem análogos no mundo e não terá por muito tempo”, declarou Putin. “Esta arma verdadeiramente única fortalecerá o potencial de combate das nossas Forças Armadas, garantirá de maneira confiável a segurança da Rússia contra ameaças externas e dará o que pensar para aqueles que, no calor da retórica agressiva frenética, tentam ameaçar nosso país”.
Em desenvolvimento há anos, o Sarmat é um míssil balístico intercontinental que, segundo a Rússia, pode carregar várias ogivas nucleares. Segundo o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA, Moscou pode implantar dez ou mais ogivas em cada míssil.
Apesar de conhecimento de serviços ocidentais sobre o desenvolvimento do míssil, o lançamento anunciado pela Rússia acontece em um momento tenso das relações diplomáticas do país, em meio a sanções internacionais e uma dura retórica pela invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Na semana passada, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, chegou a declarar que a Rússia teria que reforçar suas defesas se a Suécia e a Finlândia se juntarem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), um dos principais pontos de atrito entre Moscou e Kiev.
Ele acrescentou que, se os dois países aderirem à aliança, não se poderá mais falar de um Báltico “livre de armas nucleares“, pois “o equilíbrio deve ser restaurado”.
“Até hoje, a Rússia não tomou tais medidas e não iria”, disse Medvedev. “Mas se nossa mão for forçada, bem… Tomem nota que não fomos nós que propusemos isso.” A Rússia faz fronteira com os estados bálticos da Estônia e da Letônia, e o enclave russo de Kaliningrado fica entre a Polônia e a Lituânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já havia afirmado também que não está descartada a possibilidade de que Moscou possa recorrer a armas nucleares em algum momento em caso de uma “ameaça existencial”.
Poucos dias antes do início da invasão, Putin chegou a comandar exercícios com mísseis balísticos e de cruzeiro com capacidade nuclear. Os exercícios, segundo o Ministério da Defesa, teriam objetivo de comprovar o estado de preparação da direção militar, as unidades de lançamento, as tripulações dos navios porta-mísseis, assim como verificar a confiabilidade das armas estratégicas nucleares e convencionais do arsenal russo.