Rússia poderia invadir a Ucrânia em até cinco dias, diz Otan
Moscou reuniu forças suficientes na fronteira para prosseguir com a operação
Por Da Redação
3 abr 2014, 07h47
A Rússia reuniu soldados suficientes na fronteira com a Ucrânia para fazer uma “incursão” ao interior do país e alcançar o seu objetivo em um prazo de três a cinco dias, comunicou na noite desta quarta-feira o principal comandante militar da Otan, o general americano Philip Breedlove. Após chamar a situação de “incrivelmente preocupante”, Breedlove destacou que houve uma movimentação muito pequena nas tropas russas dispostas na região fronteiriça, mas admitiu que a Otan não possui nenhuma indicação de que esta movimentação poderia significar um retorno às suas antigas posições. Um recuo das tropas chegou a ser veiculado na segunda-feira pelo escritório da chanceler alemã, Angela Merkel, mas não pôde ser comprovado.
A Otan suspeita que Moscou tenha deslocado aproximadamente 40.000 soldados para a fronteira com a Ucrânia desde a anexação da península da Crimeia ao território russo. “Estas tropas são muito grandes, capazes e preparadas”, afirmou Breedlove. As forças russas na região possuem apoio de helicópteros, hospitais de campanha e aparelhos tecnológicos, o que, segundo o militar americano, configura “tudo que seria necessário para garantir o sucesso de uma incursão na Ucrânia”. “Nós acreditamos que eles estão prontos para se mover e poderiam alcançar os seus objetivos em três a cinco dias se forem direcionados a tomar essas decisões”, acrescentou.
Mesmo após a anexação da Crimeia, o presidente russo Vladimir Putin insistiu que uma ação militar contra a Ucrânia estava descartada. As tropas na fronteira, contudo, não recuaram consideravelmente e continuaram realizando exercícios na região. Caso optasse pela invasão, a Rússia teria ao menos três objetivos em mente: estabilizar um corredor terrestre no sul da Ucrânia que levaria à Crimeia; ampliar o território crimeano até o porto ucraniano no Mar Negro; ou ameaçar uma anexação na região da Transnístria, na Moldávia. Para o secretário-geral da Otan, general Anders Fogh Rasmussen, uma intervenção russa em solo ucraniano seria “um erro histórico” que poderia levar Moscou ao isolamento total.
“Nós realmente precisamos resolver isso de uma forma pacífica, porque um conflito militar trará muitos prejuízos para a Europa e para os envolvidos”, destacou Breedlove. Os movimentos russos na região fronteiriça levaram a Otan a repensar a sua estratégia e cancelar a cooperação que mantinha com o Exército russo. A decisão, tomada em uma reunião realizada esta semana em Bruxelas, foi só a primeira de um pacote que deverá ser apresentado no dia 15 de abril para ampliar a segurança entre as nações integrantes da Otan. “Trabalharemos para reforçar a segurança no ar, terra e oceano e revisaremos nossas posições para detectarmos quais áreas estão expostas ao norte, centro e sul”, explicou Breedlove.
Novos exercícios militares entre as forças da Otan também deverão ser realizadas nos próximos dias. As ações deverão contemplar tanto os movimentos por terra quando possíveis situações no ar e mar. Os Estados Unidos, inclusive, deslocaram um navio de guerra para a região do Mar Negro com o intuito de realizar movimentações próximas aos pontos ameaçados pelos russos. Manobras com a Ucrânia também deverão entrar em pauta para preparar as forças do país em caso de conflito armado.
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