A Rússia pode ter manipulado o local de um ataque com armas químicas na cidade síria de Duma, disse o enviado dos Estados Unidos para a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) nesta segunda-feira, pedindo que o órgão condene o contínuo uso de armas químicas proibidas.
Os comentários foram feitos durante reunião a portas fechadas da organização, realizada após o ataque do dia 7 de abril na cidade de Duma, perto de Damasco, durante o qual dezenas de pessoas supostamente morreram em decorrência do uso de gás químico.
“Já passou do tempo desse conselho condenar o governo sírio por seu reino de terror químico e exigir responsabilização internacional para aqueles responsáveis por esses atos hediondos”, disse o embaixador americano Kenneth Ward.
“É nosso entendimento que os russos podem ter visitado o local do ataque. É nossa preocupação que eles podem ter manipulado o local com a intenção de impedir os esforços da missão de investigação da Opaq de conduzir um inquérito efetivo”.
A Rússia, contudo, afirmou nesta segunda-feira que não vai interferir no trabalho da Opaq na Síria. “A Rússia confirma seu compromisso de garantir a segurança da missão e não vai interferir em seu trabalho”, escreveu em sua conta no Twitter a embaixada russa em Haia, cidade em que fica a sede da organização internacional.
Mas o país voltou a criticar Washington, Paris e Londres pelos bombardeios do fim de semana, que para Moscou seriam uma tentativa de “acabar com a credibilidade” da missão.
A reunião desta segunda-feira envolve o conselho executivo da Opaq, que tem 41 membros dos 192 países que integram a organização. O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Mokdad, visitou no domingo o hotel em que a missão da Opaq está hospedada em Damasco, onde permaneceu por três horas
Não foi confirmado até o momento se a equipe da Opaq visitou Duma. “Deixaremos a equipe fazer seu trabalho de maneira profissional, objetiva, imparcial e longe de qualquer pressão. Os resultados da investigação desmentirão as acusações” contra o regime de Damasco, disse uma fonte síria.
(Com Reuters e AFP)