O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse nesta quarta-feira que não será possível uma resolução pacífica para o conflito na Síria enquanto os opositores ao ditador Bashar Assad exigirem sua saída do poder e se recusarem a negociar com seu governo.
Os comentários de Lavrov, feitos durante uma coletiva de imprensa anual, não mostraram nenhuma mudança na posição da Rússia em relação à Síria. O governo do país insiste que a saída de Assad não pode ser uma pré-condição para um acordo para encerrar os 22 meses de violência em que mais de 60.000 pessoas foram mortas.
“Tudo vai de encontro à obsessão dos membros da oposição com a ideia de depor o regime de Assad. Enquanto essa posição inconciliável continuar, nada de bom acontecerá, a ação armada continuará, pessoas vão morrer”, disse Lavrov. “Nossa prioridade não é conseguir um objetivo geopolítico, como a derrubada de Assad, mas a estabilização da situação e o rápido fim do derramamento de sangue”, reforçou.
Para Lavrov, os países ocidentais não estão fazendo o suficiente para convencer os opositores a dialogar com o poder. Segundo o chanceler, não houve tentativas de fazer sentar à mesa de negociações as partes em conflito. “Somente nós e nossos sócios chineses, além do emissário das Nações Unidas Kofi Annan e seu sucessor, Lakhdar Brahimi, tentaram fazê-lo”, destacou Lavrov.
Aliado – A Rússia tem sido o protetor mais poderoso de Assad durante o conflito que começou como uma repressão a manifestantes, mas escalou para uma guerra civil. O país vetou três resoluções do Conselho de Segurança da ONU com o objetivo de forçar a saída de Assad ou de pressionar para que acabasse com o derramamento de sangue.
Nesta terça-feira, o governo russo retirou da Síria dezenas de seus cidadãos que tentavam fugir da violência. Alguns ônibus atravessaram a fronteira e entraram no Líbano – os passageiros voariam em seguida para Moscou. Mas Lavrov reforçou que a Rússia não pretende promover uma evacuação em massa de seus cidadãos que vivem na Síria.
(Com agências Reuters e France-Presse)