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Rússia não usará armas nucleares na Ucrânia, diz embaixador no Reino Unido

Diplomata russo acusou chanceler britânica de inflamar conflito com alerta nuclear e definiu supostos crimes de guerra de Moscou como 'invenção'

Por Da Redação
1 jun 2022, 13h38

O embaixador da Rússia no Reino Unido, Andrei Kelin, descartou a possibilidade de seu país usar armas nucleares táticas contra a Ucrânia. Refutando o alerta de guerra nuclear emitido pela ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, o diplomata alegou que a atitude da chanceler britânica pode prolongar o conflito entre Moscou e Kiev.

Em entrevista à BBC no último domingo, 29, Kelin afirmou que, de acordo com as regras militares russas, armas nucleares não são usadas em conflitos como o que está ocorrendo na Ucrânia. “Não tem nada a ver com a operação atual”, disse o embaixador russo, explicando que o armamento se aplica somente quando a existência do Estado está ameaçada.

Acredita-se que a Rússia tenha cerca de 2.000 armas nucleares táticas, que podem ser usadas a distâncias relativamente curtas. O tipo mais perigoso são as armas chamadas “estratégicas”, que podem ser lançadas a distâncias muito maiores e aumentam o espectro de uma guerra nuclear total. O termo “nuclear” ainda inclui muitos tipos de armas, incluindo bombas e mísseis menores usados ​​em um campo de batalha. 

Quando confrontado com os comentários da secretária britânica Liz Truss, sobre o risco de uma guerra nuclear entre Rússia e países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Kelin chamou Truss de “muito beligerante” e inexperiente. Ele disse que a chanceler “vai prolongar o conflito” se continuar emitindo alegações desse tipo.

Em fevereiro, a autoridade do Reino Unido alertou que, caso o presidente russo não fosse detido, o conflito poderia ser estendido a outros países europeus. “Se não pararmos [Vladimir] Putin na Ucrânia, veremos outros sob ameaça: os países bálticos, a Polônia, a Moldávia, e isso pode acabar em um conflito com a Otan. Não queremos ir para lá”, disse Truss à emissora europeia Sky News.

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+ Rússia diz que dar armas à Ucrânia ameaça a segurança europeia

Outro ponto refutado pelo diplomata russo na Grã-Bretanha foram as alegações de crimes de guerra. Kelin negou que as forças russas estivessem atacando civis e que o suposto massacre na cidade de Bucha era uma “fabricação”.

+ Mortes em Bucha são ‘face cruel’ de Putin, diz chefe da Comissão Europeia

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“O prefeito de Bucha em sua declaração inicial confirmou que as tropas russas partiram, tudo está limpo e calmo, a cidade está em estado normal”, afirmou o embaixador. Questionado sobre as imagens de satélite que mostravam corpos caídos nas ruas antes do exército russo deixar a cidade, Kelin afirmou que tudo não passa de “uma invenção” para interromper as negociações entre Moscou e Kiev.

A Rússia já fez tais alegações antes, com o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, dizendo que as mortes de civis em Bucha foram “encenadas” depois que os russos se retiraram do local.

Vários moradores da área relataram à jornalistas que as tropas russas executaram sumariamente seus entes queridos. Imagens de câmeras de segurança também contradizem diretamente a posição de Moscou, mostrando soldados russos matando civis desarmados na Ucrânia.

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+ ONU aponta para evidências crescentes de crimes de guerra na Ucrânia

O embaixador disse que as filmagens são fruto de montagens de cenas retiradas “provavelmente de um filme” ou “jogos de computador”.

Na última terça-feira, 31, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, revelou que foram identificados 600 russos suspeitos de crimes de guerra. O país já começou a julgar militares russos por ataques contra civis, tendo condenado um soldado à prisão perpétua e outros dois a 12 anos em regime fechado.

+ Ucrânia condena mais dois soldados russos por crimes de guerra

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