A Rússia libertou a estrela do basquete feminino dos Estados Unidos, Brittney Griner, nesta quinta-feira, 8, em uma troca de prisioneiros. Autoridades americanas abriram mão do traficante de armas russo Viktor Bout.
A troca, em um momento de tensões elevadas devido à guerra na Ucrânia, foi uma vitória importante para o presidente Joe Biden, mas teve um preço alto, além de ter deixado para trás um outro cidadão americano preso há quase quatro anos na Rússia.
O acordo, o segundo em oito meses com a Rússia, garantiu a libertação da mais proeminente americana detida no exterior. Griner tem duas medalhas de ouro das Olimpíadas, e sua prisão sob acusação de tráfico de drogas chamou atenção do mundo inteiro. Seu status de mulher negra abertamente gay, presa em um país onde as autoridades são hostis à comunidade LBGTQIA+, infundiu dinâmicas raciais, de gênero e sociais na saga.
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A autorização de Biden para libertar o criminoso russo apelidado de “o Mercador da Morte” veio após uma intensa pressão sobre o governo para resgatar a atleta, principalmente após a recente resolução de seu processo criminal e sua transferência para uma colônia penal.
A troca foi confirmada por autoridades dos Estados Unidos à agência de notícias Associated Press. Biden falou com Griner ao telefone nesta quinta-feira, enquanto sua esposa, Cherelle, estava no Salão Oval, e ainda deve realizar uma coletiva de imprensa.
As negociações para um acordo de troca de prisioneiros demoraram meses, e não foram 100% bem sucedidas. Autoridades americanas estavam determinadas a trocar Bout tanto por Griner quanto por Paul Whelan, um executivo de segurança corporativa de Michigan preso na Rússia desde dezembro de 2018 sob acusações – infundadas, segundo os Estados Unidos – de espionagem.
Bout é um ex-tenente-coronel do Exército Soviético, que o Departamento de Justiça descreveu como um dos traficantes de armas mais prolíficos do mundo – suas façanhas inspiraram, inclusive, um filme de Hollywood. Ele foi sentenciado a 25 anos de cadeia sob a acusação de conspirar para vender dezenas de milhões de dólares em armas, que autoridades dos Estados Unidos disseram que seriam usadas contra americanos.
Em abril, o também ex-fuzileiro naval Trevor Reed, preso em Moscou, foi trocado pelo piloto Konstantin Yaroshenko, preso por quase uma década em solo americano sob acusação de tráfico de drogas.
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O caso
A jogadora americana de basquetefoi condenada a nove anos de prisão e a multa de um milhão de rublos, o equivalente a cerca de R$ 85 mil, por um tribunal de Moscou, após ter sido acusada de posse ilegal de drogas ao entrar na Rússia.
Veterana da Liga de Basquete Feminino (WNBA) e considerada uma das maiores jogadoras de todos os tempos, Griner foi detida em 17 de fevereiro em um aeroporto nos arredores da capital, acusada de carregar cartuchos de óleo de maconha, substância ilegal em território russo, para serem usados em um cigarro eletrônico.
A atleta viajou ao país para jogar por um time local por onde atua desde 2014 durante o período de férias da liga americana, prática comum entre as jogadoras para aumentar a renda. Um salário na liga russa é aproximadamente cinco vezes maior do que nos Estados Unidos.