Rússia intensifica ataques contra Kherson e leste da Ucrânia
Região estratégica esteve sob controle russo desde o início da guerra e foi retomada em novembro pela contraofensiva ucraniana
As tropas russas intensificaram ataques com morteiros e artilharia pesada à cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, nesta quarta-feira, 28, de acordo com militares ucranianos. A região esteve sob controle da Rússia desde o início da guerra e foi recuperada pela contraofensiva de Kiev em novembro.
Segundo o relatório do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, foram disparados 33 mísseis de vários lançadores de foguetes contra alvos civis nas últimas 24 horas, informação negada pelo Kremlin.
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Combates intensos também aconteceram em torno da cidade de Bakhmut, controlada pelos ucranianos, na província oriental de Donetsk, e ao norte, em torno das cidades de Svatove e Kreminna na província de Luhansk, onde as forças ucranianas estão tentando quebrar as linhas de defesa russa.
Sirenes de ataque aéreo também soaram por toda a Ucrânia nesta quarta e, de acordo com a mídia estatal, o alerta foi dado depois que jatos russos alocados em Belarus decolaram, informação que não foi confirmada.
Após mais de 10 meses de conflito, a guerra ainda parece longe do fim. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem trabalho em um plano de paz de dez pontos que prevê que a Rússia respeite totalmente a integridade territorial do país e retire suas tropas o mais rápido possível.
No entanto, o Kremlin se recusa a aceitá-lo e insiste para que Kiev reconheça a anexação das regiões de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, anunciadas após referendos que, segundo os ucranianos, foram repletos de fraudes e ameaças.
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“Não pode haver plano de paz para a Ucrânia que não leve em conta as realidades de hoje em relação ao território russo, com a entrada de quatro regiões na Rússia. Planos que não levam em conta essas realidades não podem ser pacíficos”, disse o porta-voz do governo, Dmitry Peskov.
As tropas russas abandonaram a cidade de Kherson no início de novembro após uma série de confrontos intensos em uma das vitórias mais significativas da contraofensiva ucraniana. Localizada na foz do rio Dnipro, a região serve como porta de entrada para a Crimeia, região anexada pela Rússia desde 2014.
A alegria da retomada logo deu lugar a novos temores devido aos intensos bombardeios russos na região, obrigando Kiev a realizar a retirada em massa de civis do local. De acordo com o governo ucraniano, o ataque mais recente aconteceu no último sábado, 24, deixando 10 pessoas mortas e 58 feridas.
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Segundo o analista militar da Ucrânia, Oleh Zhdanov, os russos conseguiram se reforçar nas últimas semanas, embora não tenham ocorrido mudanças substanciais até então.
“Houve muito pouca mudança em termos de linha de frente, mas a pressão do inimigo se intensificou, tanto em termos de número de homens quanto de tipo e quantidade de equipamentos”, disse.