Bernardo Suárez Indart.
Moscou, 7 nov (EFE).- Após um hiato de quatro anos como primeiro-ministro, Vladimir Putin, de 59 anos, prepara-se para reassumir a chefia do Kremlin.
Todas as pesquisas apontam que o político, que nunca deixou realmente de comandar a Rússia, ganhará as eleições presidenciais de 4 de março de 2012. Putin governou a Rússia de 2000 a 2008.
Quando sua popularidade era alta, a Constituição do país quase foi alterada para permitir que um presidente permanecesse em seu cargo por mais de dois mandatos consecutivos.
Porém, confiante em seu poder, Putin recusou a proposta e optou por promover um dos seus seguidores, Dmitri Medvedev. Com apoio de seu mentor e da máquina estatal, ele foi eleito em 2008. Seu primeiro ato como presidente, foi nomear Putin primeiro-ministro.
A dupla Medvedev-Putin tinha como objetivo manter a continuidade da política do Kremlin, que conseguiu acabar com o separatismo checheno e, a alto custo, estabilizar a economia graças ao elevado preço do petróleo produzido no país.
No começo de sua caminhada, Medvedev promoveu uma reforma constitucional que ampliou de quatro para seis anos o mandato presidencial e de quatro para cinco o de primeiro-ministro.
A reação dos analistas foi praticamente unânime: a modificação, que entra em vigor a partir das eleições do ano que vem, foi feita para favorecer Vladimir Putin.
Embora o governo de Medvedev desde o início tenha sido uma continuação de seu antecessor, o seu programa de governo, em alguns pontos liberais, gerou em setores políticos a expectativa de reformas.
Com o passar do tempo e as pesquisas, que mostravam que numa possível eleição entre os dois a distância entre Putin e Medvedev era pequena, a esperança de que o pupilo seguisse um caminho próprio aumentou.
Além disso, o próprio presidente russo se encarregava de alimentar essas expectativas.
‘Não afirmo nem descarto nada’, afirmou Medvedev em setembro de 2009 ao responder uma pergunta sobre sua reeleição. No entanto, foi o próprio Medvedev que em 24 de setembro deste ano jogou por terra os sonhos de quem desejava que ele continuasse no Kremlin.
‘Considero que o correto seria o Congresso apoiar a candidatura do presidente do partido, Vladimir Putin, para a Presidência’, disse Medvedev num congresso da Rússia Unida (RU).
Mais tarde, em declarações à televisão, ele afirmou que gostaria de tentar a reeleição, mas a população desejava que Putin retornasse ao poder.
‘O primeiro-ministro é, sem dúvida nenhuma, o político mais influente e seus índices de confiança são os maiores’, explicou.
Putin, na ocasião, já havia anunciado que caso ganhesse as eleições presidenciais de 2012, nomearia Medvedev primeiro-ministro. No ato de inauguração de sua candidatura, no entanto, ele não falou sobre a continuidade da dupla.
Graças às emendas constitucionais aprovadas, Putin poderá permanecer no poder até o ano de 2024. ‘Ele retornará para ficar muito tempo. Talvez para sempre. Não há mais ilusões’, disse Ilya Yashin, um dos dirigentes do oposicionista Solidariedade. EFE