Políticos de oposição acusaram o Kremlin de usar a Copa do Mundo da Rússia como um disfarce para adotar medidas impopulares. O governo estaria aproveitando que todas as atenções estão voltadas ao inesperado sucesso esportivo do país e que está em vigor uma proibição a protestos políticos durante os jogos.
Há planos em elaboração desde o início do torneio para aumentar a idade de aposentadoria, elevar o imposto sobre valor agregado e reduzir o limite de um imposto sobre compras em sites estrangeiros.
O aumento da idade de aposentadoria é particularmente impopular: uma petição contra a proposta recolheu 2,3 milhões de assinaturas na internet.
De acordo com um decreto presidencial especial, durante a Copa do Mundo todas as grandes aglomerações sem relação com o futebol estão proibidas a menos que tenham autorização explícita das autoridades locais.
Enquanto isso, as ruas de Moscou e de dez outras cidades-sede do Mundial têm ficado repletas de torcedores em festa.
Citando o decreto, as autoridades de Moscou rejeitaram na quinta-feira (21) permissões para três protestos diferentes contra a reforma previdenciária, que haviam sido planejados por movimentos políticos opositores para a primeira semana de julho.
“Quando todo o país está concentrado em um grande evento esportivo, é melhor aprovar discretamente medidas que em qualquer outro dia seriam a principal notícia política do momento”, disse Ilya Yashin, político opositor e candidato à prefeitura de Moscou.
“Nosso presidente começou nos serviços de segurança e por isso decisões impopulares são tomadas no estilo de operações sigilosas”, disse Ilya, acrescentando que o decreto sobre reuniões públicas cria um precedente perigoso e, em sua opinião, é inconstitucional.
O Kremlin não respondeu a um pedido de comentário. A Suprema Corte determinou que o decreto da Copa do Mundo é legal.