O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta terça-feira, 27, que o Ocidente está “brincando com fogo” ao cogitar permitir que a Ucrânia utilize armas doadas para atacar o território russo, além de alertar os Estados Unidos, em tom de ameaça, que uma possível Terceira Guerra Mundial não se limitaria à Europa.
Lavrov, que ocupa o cargo mais alto do ministério russo há mais de duas décadas, acusou o Ocidente de tentar intensificar a guerra na Ucrânia ao considerar atender os pedidos de Kiev para flexibilizar as restrições em relação ao uso de armas fornecidas pelo exterior. “Eles agem como crianças brincando com fogo, mas esse comportamento é perigoso para adultos responsáveis por arsenais nucleares”, disse ele.
Na segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky pediu mais uma vez que seus aliados no Ocidente permitam que seu país utilize armas doadas pelos membros da Otan contra a Rússia após ser atingido por “ataques massivo”, cujo alvo era sua infraestrutura energética. “A Ucrânia não pode ser restringida em suas capacidades de longo alcance quando os terroristas não enfrentam tais limitações”, disse ele.
Além disso, o diplomata russo deixou claro que o risco de uma Terceira Guerra Mundial se estenderia aos Estados Unidos. “Os americanos associam inequivocamente as conversas sobre a Terceira Guerra Mundial como algo que – se, Deus nos livre, acontecer – afetará exclusivamente a Europa”, disse Lavrov.
Ameaça russa
Desde o início da invasão da Ucrânia, em 2022, Putin tem alertado sobre o risco de um conflito global, envolvendo as maiores potências nucleares do mundo. No entanto, o líder russo afirma que não deseja entrar em guerra direta com a Otan.
Ainda assim, Lavrov deixou claro que a Rússia está revisando sua doutrina nuclear. As regras estabelecidas em 2020, preveem que o país pode utilizar ogivas somente em resposta a um ataque utilizando o mesmo tipo de armamento, outras armas de destruição maciça ou armas convencionais “quando a própria existência do Estado é colocada sob ameaça”.
No entanto, Zelensky afirmou que a invasão ucraniana da região russa de Kursk, no início do mês, mostrou que a Rússia de estava blefando ao realizar ameaças de retaliação.
Kiev ainda confirmou que já utilizou de mísseis americanos para destruir pontes em Kursk. Washington e outros aliados, por sua vez, disseram não ter conhecimento prévio dos planos da Ucrânia de invadir o território russo.