Rússia condena mulher que doou US$ 50 a ONG pró-Ucrânia a 12 anos de prisão
Ksenia Khavana, uma russo-americana que mora nos EUA, é considerada culpada por 'traição'; ela foi detida em fevereiro ao visitar a família em Ecaterimburgo
![This grab from a handout footage taken and released by Sverdlovsk regional Court press service on June 20, 2024 shows US-Russian citizen Ksenia Karelina siting in a cage at the Sverdlovsk regional Court in Yekaterinburg. A dual US-Russian citizen accused of donating around $50 to a pro-Ukrainian charity goes on trial for treason in the Russian city of Yekaterinburg. Ksenia Karelina, a 32-year-old ballerina living and working in Los Angeles, was detained by police in Yekaterinburg in late January while on a trip to visit her family in Russia. Prosecutors accuse her of "proactively transferring funds to a Ukrainian organisation, which the Ukrainian Armed Forces subsequently used to purchase tactical medicine, equipment, weapons and ammunition." She faces life in prison if found guilty. (Photo by HANDOUT / Sverdlovsk regional Court press / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / SVERDLOVSK DISTRICT COURT " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/06/000_34XT679.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Um tribunal da Rússia condenou Ksenia Khavana, que tem dupla nacionalidade russo-americana, a 12 anos de prisão após considerá-la culpada de traição. Ela foi acusada de levantar fundos para o exército ucraniano por doar US$ 51 (cerca de R$ 280 na cotação atual) à ONG pró-Ucrânia First Department, com sede nos Estados Unidos.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) acusou-a de “arrecadar dinheiro proativamente no interesse de uma de organizações ucranianas, que foi posteriormente usado para comprar suprimentos médicos táticos, equipamentos, armas e munição para as forças armadas ucranianas”. Khavana, que as autoridades russas identificam pelo seu nome de nascimento, Karelina, se declarou culpada na semana passada durante o julgamento a portas fechadas.
A ex-bailarina de 32 anos nasceu na Rússia, mas imigrou para os Estados Unidos há mais de uma década, onde construiu uma vida como esteticista em um spa de Los Angeles.
O FSB deteve Khavana em fevereiro, enquanto ela visitava os pais e a irmã mais nova em Ecaterimburgo. Ela teria obtido cidadania americana após se casar com um americano, de quem já se divorciou. Sua ex-sogra, Eleonora Srebroski, disse à agência de notícias Reuters em fevereiro que ela havia viajado para casa na época do Ano Novo, depois que seu namorado deu-lhe uma passagem de avião de presente e ela o assegurou que ir à Rússia seria “seguro”.
Fogo cruzado da diplomacia
A mulher chegou aos Estados Unidos em 2012, por meio de um programa de estudo e trabalho, e foi casada por um breve período com o filho de Srebroski. Seu ex-marido a descreveu como uma mulher divertida, que não se importava muito com política.
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Desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Rússia tem reprimindo dissidentes e aprovou leis que criminalizam quaisquer críticas ao que chama de “operação militar”. Isso envolveu a prisão de cidadãos estrangeiros.
Quase uma dúzia de americanos se encontram presos na Rússia atualmente, parte de uma lista crescente de estrangeiros que se viram enroscados na crise das relações entre Moscou e Washington durante a guerra na Ucrânia.
Na maior troca de prisioneiros entre Rússia e Ocidente desde o fim da Guerra Fria, Moscou libertou neste mês o repórter do jornal americano The Wall Street Journal Evan Gershkovich e o executivo de segurança corporativa Paul Whelan, que foram presos por espionagem, bem como a russo-americana Alsu Kurmasheva, jornalista da Radio Liberty/Radio Free Europe condenada a seis anos e meio de prisão por espalhar “informações falsas” sobre os militares russos.
A Rússia também libertou várias figuras proeminentes da oposição que foram presas por criticar a guerra na Ucrânia.