Rússia condena estrela de basquete dos EUA a 9 anos de prisão
Brittney Griner está detida em solo russo desde fevereiro e pode ser envolvida na troca de prisioneiros junto com o 'Senhor das Armas' russo, Viktor Bout
A jogadora americana de basquete Brittney Griner foi condenada a nove anos de prisão e a multa de um milhão de rublos, o equivalente a cerca de 85 mil reais, por um tribunal de Moscou nesta quinta-feira, 4, após ter sido acusada de posse ilegal de drogas ao entrar na Rússia.
Veterana da Liga de Basquete Feminino (WNBA) e considerada uma das maiores jogadoras de todos os tempos, a atleta foi detida em 17 de fevereiro em um aeroporto nos arredores da capital, acusada de carregar cartuchos de óleo de maconha, substância ilegal em território russo, para serem usados em um cigarro eletrônico.
A atleta viajou ao país para jogar por um time local por onde atua desde 2014 durante o período de férias da liga americana, prática comum entre as jogadoras para aumentar a renda. Um salário na liga russa é aproximadamente cinco vezes maior do que nos Estados Unidos.
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A equipe de defesa da jogadora disse estar “decepcionada” com o veredito e prometeu recorrer. Mesmo ela tendo se declarado culpada, os Estados Unidos tratam sua prisão como “injusta”, lançando um processo semelhante às negociações de reféns com o Irã e outros países.
Em um depoimento emocionado nesta quinta, Griner pediu desculpas às suas companheiras de equipe e disse que havia cometido um “erro honesto”, acrescentando que por isso se declarou culpada, mas que em momento algum teve a intenção de infringir a lei. Ela também rejeitou as implicações políticas de seu caso e fez um apelo diretamente à juíza do caso, Anna Sotnikova.
“Sei que todo mundo continua falando sobre ‘peão político’ e ‘política’, mas espero que isso esteja longe deste tribunal”, disse a jogadora.
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Os promotores russos disseram que a prisão da atleta por porte de drogas foi “totalmente comprovada”. No entanto, seus advogados de defesa apontaram irregularidades na investigação e descreveram uma situação de constante pressão sobre a acusada.
Ao fim do julgamento, Griner disse estar “aterrorizada” por pensar na possibilidade de ser mantida na Rússia “para sempre”.
“Eu nunca quis machucar ninguém ou colocar em risco a população russa. Eu nunca quis quebrar nenhuma lei aqui. Cometi um erro honesto e espero que a sua decisão não acabe com a minha vida aqui”, disse Griner em sua declaração final.
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A condenação formal desta quinta, considerada precipitada por alguns especialistas, é vista um passo necessário para uma possível troca de prisioneiros envolvendo os dois países. De acordo com a rede CNN, Moscou e Washington planejam a troca de Griner e do ex-fuzileiro naval Paul Whelan, preso desde 2020, pelo ‘Senhor das Armas’ Viktor Bout, que cumpre pena em solo americano desde 2012.
Para que a suposta troca aconteça, uma condenação é necessária, uma vez que o Kremlin pode emitir um perdão ou reduzir a sentença sem interferir descaradamente em um julgamento em andamento. O advogado de Paul Whelan disse ao jornal britânico The Guardian, que “definitivamente a troca irá acontecer”, acrescentando que os Estados Unidos já haviam recebido uma proposta de negociação entre o ex-fuzileiro e Viktor Bout em 2020, logo após sua condenação por espionagem.
Americanos e russos já trocaram prisioneiros em outra ocasião. Em abril, o também ex-fuzileiro naval Trevor Reed, preso em Moscou, foi trocado pelo piloto Konstantin Yaroshenko, preso por quase uma década em solo americano sob acusação de tráfico de drogas.