República Centro-Africana elege prefeita para presidência interina
Catherine Samba-Panza foi escolhida pelo Parlamento interino para ocupar o cargo deixado por Michel Djotodia. Ela era prefeita da capital Bangui
O Conselho Nacional de Transição do Parlamento interino da República Centro-Africana elegeu nesta segunda-feira Catherine Samba-Panza, prefeita da capital Bangui, para a presidência interina do país. Ela venceu o concorrente Desire Kolingba no segundo turno das eleições indiretas, por 75 votos a 53, e será a primeira mulher a ocupar o cargo deixado por Michel Djotodia, que renunciou há dez dias devido à pressão internacional. Segundo a rede britânica BBC, Catherine pertence à maioria cristã e terá em seu governo o objetivo de interromper os conflitos entre guerrilhas religiosas que se espalharam pelo país.
Djotodia foi pressionado a renunciar após ser acusado por líderes regionais e da França de ser passivo frente aos confrontos entre grupos armados cristãos e muçulmanos. Primeiro presidente muçulmano do país, ele havia assumido o poder depois da deposição de François Bozizé, em um golpe em março do ano passado. O golpe foi realizado pela coalizão rebelde Seleka, que levou Djotodia ao poder. Oficialmente, o ex-presidente interino baniu os rebeldes em setembro, mas, na prática, o grupo continuou a cometer atrocidades contra cristãos e a recrutar crianças como soldados. As comunidades cristãs estabeleceram forças de autodefesa, em sua maioria leais ao presidente deposto, o que levou o país a beirar uma guerra civil.
Levantamentos apontam que mais de 1.000 pessoas morreram só no mês de dezembro devido aos conflitos entre as guerrilhas. Aproximadamente 20% da população também foi obrigada a abandonar as suas casas para fugir dos confrontos. Embora os conflitos tenham diminuído após a renúncia de Djotodia, relatórios das autoridades apontam que assassinatos voltaram a ser cometidos no fim de semana. A Cruz Vermelha informou que funcionários enterraram cinquenta corpos nas últimas 48 horas, enquanto 25 pessoas foram levadas aos hospitais de Bangui em estado grave.
De acordo com a agência France-Presse, os chanceleres da União Europeia (UE) concordaram em enviar 500 soldados para garantir a segurança na República Centro-Africana. Eles se juntarão aos 4.000 homens mobilizados por países africanos e aos 1.600 soldados franceses que já atuam na região.
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