Manama, 19 abr (EFE).- A repressão aos protestos contra o regime aumentou no Bahrein na véspera do início do Grande Prêmio de Fórmula 1 no país, denunciaram nesta quinta-feira grupos da oposição.
Os manifestantes retornaram às ruas hoje para exigir reformas políticas e a libertação dos presos políticos. Além disso, criticaram a realização da corrida, o que gerou novos enfrentamentos entre os ativistas e as forças de segurança.
Em algumas localidades da capital Manama, a polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os participantes das passeatas. Alguns manifestantes ficaram feridos.
Além disso, as autoridades do país confirmaram nesta quinta-feira que dois funcionários da Force India se envolveram nos distúrbios ocorridos ontem à noite.
O carro de serviço em que os dois integrantes da equipe estavam ficou retido durante um confronto entre manifestantes e a polícia quando eles voltavam do circuito para Manama.
Por meio de um comunicado, as autoridades afirmaram que um coquetel molotov foi jogado próximo ao veículo. O governo local disse que o caso foi um ‘incidente isolado’ e que o carro não foi atacado e nem foram registradas vítimas.
Os dois funcionários da Force India deixaram o Bahein. Além disso, a MRS, equipe da Porsche Supercup, categoria que acompanha o circuito da F1, decidiu deixar o país por questões de segurança.
Enquanto isso, os opositores denunciaram um aumento das prisões e dos ataques por parte das forças de segurança nas últimas duas semanas.
‘As ações estão relacionadas à realização do Grande Prêmio, as autoridades decidiram controlar a situação usando mais força e violência’, disse em entrevista coletiva Matar Matar, líder opositor vinculado ao partido Al Wefaq.
Correntes liberais da oposição afirmaram em comunicado que a repressão do regime aumentou ao ponto de existir um ‘estado de emergência não anunciado’ no país.
O chefe de Segurança Nacional do Bahein, Tariq al-Hassan, explicou que as ações da polícia são dirigidas contra vândalos que querem alterar a ordem bloqueando estradas, manifestando-se de forma ilegal e colocando em risco a vida das pessoas por meio do lançamento de pedras e coquetéis molotov.
Para o diretor do Centro de Direitos Humanos do Bahein, Nabil Rajab, os protestos não estão relacionados diretamente com a prova de Fórmula 1, mas pretendem utilizar a corrida como plataforma para expor suas reivindicações.
‘A realização da corrida representa uma mensagem errada para os moradores do país e os fãs da Fórmula 1’, disse Rajab à Agência Efe. O diretor lembrou ainda que o regime tenta ocultar a prisão e tortura de alguns dos funcionários que já trabalharam no circuito onde ocorre o Grande Prêmio.
Desde o início dos protestos, em fevereiro de 2011, pelo menos 70 pessoas já morreram no Bahein e milhares foram presas, de acordo com dados da oposição.
O Bahrein é um pequeno reino do Golfo Pérsico, no qual 70% da população é xiita mas que é governado por uma monarquia sunita. EFE