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Relógios, carrões e dinheiro vivo: buscas revelam corrupção na Ucrânia

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, abriu uma Caixa de Pandora de crimes com sua campanha contra a corrupção no país

Por Amanda Péchy
Atualizado em 2 fev 2023, 10h56 - Publicado em 2 fev 2023, 10h50

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ascendeu ao poder em 2019 com uma promessa: acabar com a corrupção no país. De acordo a Transparency International, a Ucrânia é o segundo país mais corrupto da Europa – depois da Rússia. Mas sua cruzada foi suspensa justamente pela invasão russa, e o estado de exceção abriu ainda mais espaço para irregularidades. Em janeiro, contudo, um novo impulso do governo reviveu a promessa do presidente, e a Ucrânia demitiu mais de uma dezena de altos funcionários, incluindo governadores de várias províncias importantes do campo de batalha. Os achados da campanha foram surpreendentes.

Após uma uma série de operações anticorrupção conduzidas em todo o país, autoridades ucranianas descobriram estoques de dinheiro vivo, relógios caros e carros de luxo. Entre os envolvidos nas investigações está o chefe interino da autoridade tributária de Kiev, cujo nome não foi revelado, que supostamente fazia parte de um esquema para ignorar impostos não pagos, no valor de 45 bilhões de hryvnia ucranianos (US$ 1,2 bilhão, ou quase R$ 6 bilhões).

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Na quarta-feira 1, o Departamento de Investigações do Estado (DIE) disse ter encontrado centenas de milhares de dólares em dinheiro vivo, além de relógios e carros de luxo, na residência da autoridade tarifária. Enquanto isso, o Serviço de Segurança Ucraniano (SSU) disse que as buscas eram parte de um esforço para combater o que eles descreveram como “o inimigo interno” no país.

“Todo criminoso que tiver a audácia de prejudicar a Ucrânia, especialmente em tempos de guerra, deve entender claramente que vamos algemar suas mãos”, disse Vasyl Maliuk, chefe da SSU, em comunicado.

Zelensky disse que seu governo está trabalhando em “novas reformas”, que tornarão o país “mais humano, transparente e eficaz”. O presidente está de olho, é claro, na aprovação de sua candidatura para entrar na União Europeia. Autoridades do bloco chegaram a Kiev nesta quinta-feira, 2, e no dia seguinte devem encontrar-se com o líder ucraniano para negociações sobre a possível adesão.

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Medidas anticorrupção são “uma dimensão importante do processo de adesão à União Europeia”, disse Ana Pisonero, porta-voz da Comissão Europeia, em 24 de janeiro.

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Várias buscas ocorreram na quarta-feira, incluindo na propriedade do ex-ministro do Interior Arsen Avakov, que estava ligado a uma investigação sobre o acidente de helicóptero em 18 de janeiro que matou 14 pessoas. Ele ocupava o cargo quando o helicóptero ‘Super Puma’ ES-225, envolvido no acidente, foi comprado da França como parte de um contrato assinado em 2018. O ex-ministro negou qualquer irregularidade e disse que os contratos foram aprovados pelo parlamento.

A SSU também acusou a “antiga administração” das maiores empresas de extração e refinaria de petróleo da Ucrânia de “apropriação indébita” de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,44 bilhões), afirmando que “os mecanismos ilegais foram combinados com evasão fiscal e lavagem de dinheiro”.

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As empresas petrolíferas PJSC Ukrnafta e PJSC Ukrtatnafta (cujos gerentes já receberam uma notificação de suspeita de crimes) foram nacionalizadas no ano passado, como parte da lei marcial da Ucrânia.

A SSU também acusou o ex-chefe de compras do Ministério da Defesa de peculato e abuso de poder, em conexão à compra de milhares de coletes à prova de balas abaixo do padrão. O oficial gastou o equivalente a US$ 2,7 milhões (R$ 13,35 milhões) em quase 3 mil coletes para as forças armadas ucranianas, que mais tarde foram consideradas incapazes de “proteger adequadamente os soldados”. Ele pode pegar de cinco a oito anos de prisão.

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