Reino Unido se junta aos EUA no envio de armas de longo alcance à Ucrânia
Anúncio segue ameaça do presidente russo, Vladimir Putin, de ataques a novos alvos caso equipamentos fossem entregues a Kiev
O Reino Unido anunciou nesta segunda-feira, 6, que se juntaria aos Estados Unidos no fornecimento de armas avançadas, incluindo lançadores de longo alcance, para ajudar a Ucrânia a conter o ataque da Rússia na região leste do país.
“À medida que as táticas da Rússia mudam, nosso apoio à Ucrânia também deve mudar”, justificou o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace. Segundo o político, o novo pacote será útil para Kiev se proteger do “uso brutal e indiscriminado de artilharia de longo alcance pelos russos em áreas civis”.
Os sistemas de foguetes fornecidos, chamados M270, podem atingir alvos a até 80 quilômetros de distância, aumentando o poder de fogo necessário para a Ucrânia alcançar unidades de artilharia russas.
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Na semana passada, os EUA cederam e anunciaram o envio de sistemas de foguetes avançados para a Ucrânia, como parte de um novo pacote de 700 milhões de dólares em equipamento militar para ajudar o país a se defender.
Segundo o jornal americano The New York Times, um funcionário do alto escalão governo estadunidense disse que o sistema de armas, que seria o mais avançado fornecido aos ucranianos até o momento, só foi prometido após garantias dos líderes da Ucrânia de que as armas não seriam usadas para atacar o território da Rússia.
“Não enviaremos à Ucrânia sistemas de foguetes que possam atingir a Rússia”, escreveu o presidente Joe Biden em um artigo de opinião no Times na última quarta-feira, 1.
Em resposta à movimentação, no domingo, 5, o presidente russo Vladimir Putin ameaçou atacar alvos inéditos se países do Ocidente fornecerem à Ucrânia armas de longo alcance. No mesmo dia, mísseis russos atingiram Kiev pela primeira vez em mais de um mês. A Ucrânia disse que o ataque atingiu uma instalação onde vagões de trens são reparados, enquanto Moscou disse que a ofensiva destruiu apenas tanques enviados por países do Leste Europeu.
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Os foguetes ocidentais de maior alcance e precisão podem prejudicar a vantagem de Moscou nos combates no leste ucraniano. A área vem sofrendo intensos ataques na cidade de Sievierodonetsk, cuja tomada seria fundamental para a Rússia controlar toda a região de Donbas, um dos principais objetivos de Moscou no conflito.
Segundo militares russos, o interesse do Kremlin no território é estabelecer um corredor terrestre para conectar a Rússia à Crimeia, península que anexou em 2014.
As forças russas tomaram grande parte da cidade na semana passada, mas as forças ucranianas seguem resistindo e tentando recuperar terreno nos últimos dias. Nesta segunda-feira, 6, o governador da regional, Serhiy Haidai, indicou que os progressos ucranianos estão sendo apagados pelo avanço de tropas russas na área.
Após mais de 100 dias de guerra, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que 20% de seu país está sob controle da Rússia e a região de Donbas, uma vez um dos centros industriais “mais poderosos da Europa”, está devastada. Apesar disso, ele segue afirmando que o Exército da Ucrânia tem “todas as chances de revidar” a ofensiva do inimigo.