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Reino Unido pode chegar a 50.000 casos diários de Covid em outubro

Em alerta televisionado, principais assessores médicos e científicos do governo destacaram necessidade de medidas urgentes de combate

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 set 2020, 13h05 - Publicado em 21 set 2020, 11h46
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  • Sem ações urgentes, o Reino Unido pode atingir 50.000 novos casos diários de Covid-19 em meados de outubro, o que pode levar a 200 mortes diárias no mês seguinte, alertaram assessores médicos e científicos do governo nesta segunda-feira, 21.

    O país deve estar preparado para restrições significativas durante os próximos seis meses, disse a principal autoridade médica do governo britânico, Chris Whitty, em discurso televisionado. As taxas de mortalidade do novo coronavírus no país estão “significativamente maiores” do que uma gripe sazonal, que mata cerca de 7.000 pessoas anualmente, ou até 20.000 em um ano “ruim”, acrescentou. 

    O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, irá se encontrar na terça-feira com autoridades médicas para discutir os próximos passos de resposta à situação, além de conversas com chefes de governo de outros países para encontrar soluções comuns. De acordo com a mídia local, ministros já estão discutindo novas medidas nacionais para a Inglaterra, onde estão em vigor novos “lockdowns” parciais que afetam mais de 13% da população de todo o Reino Unido.

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    Junto a Whitty, o chefe do principal conselho científico do país, Patrick Vallance, apresentou previsões pessimistas. O número de casos poderia passar de 3.105, em 15 de setembro, para 49.000, em 13 de outubro. Se o ritmo atual for mantido, o número diário de mortes pode subir para 200 em novembro.

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    “Se continuarmos neste caminho (…) o número de mortes diretas por Covid (…) irá continuar subindo, possivelmente em uma curva exponencial, o que significa que irá dobrar e dobrar e dobrar novamente e você pode rapidamente passar de número bem pequenos para números bem grandes”, disse Whitty. “Se não fizermos o suficiente, o vírus irá decolar e, neste momento, é o caminho em que claramente estamos se não mudarmos o curso, então vamos nos encontrar com um problema muito difícil”.

    O Reino Unido já possui o maior número de mortos por Covid-19 em toda a Europa, e o quinto maior número do mundo. O país soma mais de 394.000 casos, incluindo 41.777 mortes.

    “Há uma mensagem muito simples: conforme a doença se espalha, entre grupos etários, nós esperamos ver um aumento em hospitalizações (…) que irão levar a um aumento em mortes”, disse Whitty. 

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    BRITAIN-HEALTH-VIRUS
    Chris Whitty e Patrick Valance, principais assessores das áreas médicas e científicas, chegam a Downing Street, em Londres. 21/09/2020 (Ben Stansall/AFP)

    Após suavizar medidas de controle social, o governo impôs na última segunda-feira uma nova e confusa regra, chamada de “regra dos 6”. Encontros de mais de seis pessoas passam a ser ilegais, e qualquer um que estiver em um grupo acima do número limite poderá ser multado na hora, em valores que começam em 100 libras e vão dobrando a cada reincidência, indo ao máximo de 3.200 libras. A nova medida substitui a “regra de dois”, que permitia que até 30 pessoas, de duas casas diferentes, se encontrassem.

    Agora, uma família de cinco pessoas, por exemplo, só poderá encontrar uma pessoa de fora por vez. No entanto, a regra é cheia de exceções: no País de Gales e na Escócia, crianças são isentas à medida, ao contrário da Inglaterra. Até mesmo as autoridades acreditam que será difícil vistoriar as restrições em pubs e restaurantes, onde os clientes agora precisam usar máscaras quando não estão comendo ou bebendo.

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    Depois de um período de recuo, em setembro os novos casos diários passaram de 3.000 e o “fator R” — o número médio de pessoas a quem alguém contagiado pode transmitir o vírus — superou o limite ideal. A aplicação de testes, atabalhoada desde o começo, segue prejudicada pela escassez e pelo acúmulo de resultados retidos nos laboratórios, que a liberação da volta às aulas intensificou.

    A crise de saúde também pode levar à supressão de um milhão de empregos neste ano, segundo o britânico Institute for Employment Studies (IES), que alerta que 200.000 postos devem ser extintos apenas no quarto trimestre. De acordo com o grupo, a previsão é que 450.000 desapareçam entre julho e setembro. Segundo a associação Trussell Trust, que dirige uma rede de bancos de alimentos em todo o Reino Unido, 670.000 pessoas devem entrar na penúria até o fim do ano, o que significa que não podem se alimentar ou residir adequadamente. O ministro das Finanças, Rishi Sunak, chegou a acrescentar que as pessoas estão certas por temerem os próximos meses, já que o esquema do governo para retenção de empregos, que expira em outubro, não será renovado.

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