Refugiados sírios, paquistaneses e afegãos ameaçados de deportação das ilhas gregas de Lesbos e Chios dizem que preferem cometer o suicídio caso sejam expulsos da União Europeia. Na segunda-feira, 202 imigrantes em três barcos que partiram de Lesbos e Chios foram levados para território turco, como parte do controverso acordo assinado entre UE e Ancara em março.
“Se eles nos deportarem, vamos nos matar. Nós não vamos voltar”, disse ao jornal britânico The Guardian o imigrante afegão Souaob Nouri, mantido preso em um campo para refugiados na ilha de Chios.
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“Não somos terroristas, somos refugiados. As condições aqui são péssimas. Não temos água. Eles batem em mulheres grávidas. Por que estão nos tratando dessa forma? Tudo que queremos é asilo”, disse outro refugiado mantido no campo ao periódico.
Na ilha de Lesbos, as ameaças de suicídio também ecoam entre os refugiados. Uma carta escrita por presos do centro de detenção de Moria, enviada por voluntários ao The Guardian, presos afirmam que preferem a morte à deportação para a Turquia. “Nós aceitamos a morte, mas não vamos voltar. Cometeremos o suicídio se nos expulsarem”, diz o texto.
As deportações fazem parte do acordo entre União Europeia e Turquia, assinado em 18 de março, para reduzir o fluxo migratório na Europa – imigrantes ilegais que chegam à Grécia e não solicitam asilo são devolvidos à Turquia, que recebe ajuda financeira. O acordo tem sido duramente criticado por grupos de direitos humanos. Entre os 66 refugiados expulsos de Chios na segunda-feira, treze foram deportados por engano, pois haviam expressado intenção de solicitar asilo mas não tiveram seus pedidos examinados.
(Da redação)