Rebeldes curdos do PKK iniciam retirada da Turquia
Governo turco desconsidera retirada, já que não há abandono de armas
Os rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) iniciaram a anunciada retirada da Turquia para o norte do Iraque, informou nesta quarta-feira um dos líderes do principal partido pró-curdo do país. A retirada é considerada como um novo e decisivo passo no processo de paz que deverá pôr fim a quase três décadas de uma guerra não declarada entre o governo da Turquia e a guerrilha separatista.
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No entanto, para o chefe do governo turco, Recep Tayyip Erdogan, a jornada não tem tanta importância para o processo de paz como o esperado abandono das armas no futuro. A retirada é parte das negociações entre Abdullah Öcalan, o líder histórico do PKK, preso desde 1999, o BDP e o serviço de inteligência turco, que buscam acabar com um conflito que desde 1984 já causou 45.000 mortes.
“Sabemos que a movimentação dos combatentes começou”, afirmou Selahattin Demirtas, copresidente do Partido pela Paz e a Democracia (BDP). O braço militar do PKK, o HPG, confirmou na terça-feira que a retirada começaria na quarta-feira, como estava anunciado, e advertiu Ancara contra qualquer “provocação” que colocasse em risco a operação.
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O esperado é que o início desta retirada, anunciada previamente no último dia 25 de abril e que, por enquanto, não inclui o abandono das armas, seja discreto e marcado pelo segredo. “Não vai ocorrer nada extraordinário. As forças de segurança estarão a serviço 24 horas”, disse o ministro do Interior, Muammer Guler, que insistiu que esta quarta-feira será como qualquer outro dia.
Selahattin Demirtas, presidente do partido pró-curdo BDP, assegurou que os guerrilheiros (3.000 operam em solo turco e outros 2.000 em suas bases do norte do Iraque) demorarão entre três e quatro meses para se instalar por completo no norte do Iraque. O PKK é considerado um grupo terrorista por Ancara, pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
(Com agências EFE e France-Presse)