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Quem é Li Qiang, o próximo braço direito de Xi Jinping

Pupilo de Xi, o chefe do Partido Comunista de Xangai vai se tornar primeiro-ministro da China

Por Amanda Péchy
Atualizado em 24 out 2022, 10h32 - Publicado em 24 out 2022, 10h10

Antes do início do 20º Congresso do Partido Comunista da China, no domingo 16, poucas pessoas fora do país conheciam o nome de Li Qiang – muito menos que ele estava prestes a se tornar o segundo homem mais poderoso da China.

Só que, no domingo 23, o chefe do Partido Comunista de Xangai seguiu seu patrono, Xi Jinping, pelo palco do Grande Salão do Povo, para ser ungido como o segundo no comando do Comitê Permanente do Politburo, grupo de 25 pessoas que supervisionam o único partido do país. Ele também está prestes a se tornar o próximo primeiro-ministro da China na sessão legislativa anual em março, quando Li Keqiang deixará o cargo após dois mandatos.

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Historicamente, Xangai é terreno fértil para os principais líderes chineses. Ao contrário da maioria de seus antecessores no cargo de primeiro-ministro, contudo, Li não tem experiência prévia como vice-primeiro-ministro. Ele sequer possui ampla gama de experiência em administração regional, o que costuma ser pré-requisito para cargos de alto nível no partido.

A reputação de Li também foi prejudicada pela maneira como lidou com o lockdown de dois meses contra a Covid-19 em Xangai, que provocou descontentamento entre a população, com raros protestos, e prejudicou a economia da cidade.

Na verdade, analistas esperavam que outro candidato, Wang Yang, ex-vice-primeiro-ministro, ascendesse ao cargo. Mas ele pertence à facção rival que Xi vê como ameaça ao seu governo, a Liga da Juventude da China.

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A nomeação de Li demonstra que Xi coloca lealdade e confiança acima da experiência em gestão econômica regional.

“Parece-me improvável que os líderes do Partido imaginassem que Xi ficaria mais de uma década no governo, mas grande parte de sua centralização de poder aconteceu com a ajuda de outros líderes do Partido, não apesar deles. Hoje, ele governa praticamente sem oposição”, diz Howard Wang, cientista político do instituto Rand.

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Os laços de Li Qiang com o presidente remontam a quase duas décadas. Quando Xi era o principal chefe do partido na província de Zhejiang, Li era seu chefe de gabinete e seu principal assessor pessoal de 2004 a 2007 (antes de Xi partir para o principal cargo do partido em Xangai).

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Depois que Xi se tornou o líder da China, ele promoveu Li primeiro a governador de Zhejiang e, depois, a secretário do partido na província de Jiangsu, fornecendo-lhe a experiência de governo regional e as credenciais necessárias para cargos maiores.

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Li, juntamente com Cai Qi e Li Xi, que também ascenderam ao poderoso Comitê Permanente no domingo, fazem parte do chamado “Novo Exército de Zhijiang”, que trabalhou sob o comando de Xi na província de Zhejiang – a potência econômica ao sul de Xangai – durante sua escalada ao topo do partido. Durante esse período, Li acompanhou Xi em muitas viagens de trabalho, editou seus discursos e ajudou a redigir a sua direção política.

O líder chinês nomeou Li o chefe do partido em Xangai em 2017, como parte de um movimento estratégico para colocar seus aliados em posições-chave e trazer sua base de poder para os escalões superiores do partido.

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Como primeiro-ministro, Li será o principal funcionário encarregado de reviver a economia da China, que sofre com uma rigorosa política de Covid Zero há quase três anos em meio a relações tensas com os Estados Unidos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as projeções de crescimento para 3,3% neste ano, taxa mais baixa em quatro décadas – exceto 2020, ano de início da pandemia.

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Alguns esperam que Li, um ex-chefe do partido em sua terra natal, Wenzhou – um centro de negócios privados em Zhejiang – seja capaz de tirar a China dos problemas econômicos. Espera-se que ele se concentre em indústrias de inovação e alta tecnologia, conforme estabelecido no relatório de trabalho de Xi no congresso do partido.

Como confidente de Xi, Li provavelmente terá mais liberdade para administrar a economia do que seu antecessor, Li Keqiang, visto pelo presidente como uma ameaça. Mesmo assim, ele não terá protagonismo excessivo.

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“Houve uma personalização e centralização do poder sobre Xi Jinping. Ele se esforçou para promover um culto à personalidade e é a mente e o coração do partido”, afirma Rory Truex, professor de relações internacionais da Universidade de Princeton.

Li cumpriu lealmente a política de Covid Zero, mesmo quando o prolongado lockdown em Xangai gerou altos custos econômicos. No meio do bloqueio de dois meses, Li defendeu “implementar inabalavelmente a tarefa da Covid Zero” de acordo com o espírito das instruções de Xi.

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Sem nenhuma conquista política para apoiá-lo, fica muito claro que ele deve sua posição a Xi. Diferente de Li Keqiang, ele deve seguir as políticas do presidente com afinco e dedicação.

“Xi já havia consolidado seu poder no topo da estrutura política chinesa muito antes deste Congresso, mas a reunião marca o fim oficial do que restava do acordo tácito na elite chinesa após a morte de Mao, de que o país seria governado por uma liderança coletiva. Para dizer o óbvio, a China é agora, mais do que nunca, o país de Xi”, diz Allen Carlson, professor do Centro de Estudos Internacionais na Universidade Cornell.

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