Quase 900 mulheres morreram no ano passado no Paquistão nos chamados crimes de honra, geralmente realizados por parentes das vítimas, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira pela Comissão de Direitos Humanos do Paquistão (CDHP). Os 869 casos documentados pela Comissão ficam abaixo dos 913 denunciados de 2012 e aos 943 de 2011, e se constata a passividade oficial para lutar contra a forte discriminação que as mulheres sofrem nessa região do planeta.
“Esse tipo de crime persiste pela impunidade dos assassinos”, afirma o documento da CDHP, que denuncia que a tradição islâmica de permitir a absolvição dos agressores se forem perdoados pela família da vítima favorece os criminosos. “A família da vítima costuma ser também a do criminoso, e frequentemente perdoa seu parente por conveniência'” afirma o relatório, que sentencia que “a impunidade continua e estimula outros a seguirem o exemplo”.
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Os crimes de honra são muito frequentes no sul da Ásia e costumam envolver homens de uma família que vingam o que acreditam ser uma afronta à conservadora moral familiar das sociedades locais, como um simples casamento não consentido. O relatório denuncia outras formas de violência doméstica, e inclui como vítimas as suicidas registradas, quase sempre pressionadas por conflitos familiares derivados de questões de honra e por agressões machistas.
A HRCP também relata outras situações de horror, como a das 56 mulheres assassinadas pelo simples fato de terem dado à luz uma menina, o que costuma se chocar com o desejo dos cônjuges e suas famílias de ter descendentes homens.
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No ano passado, as autoridades registraram quase 3.000 denúncias de estupro, mas o documento evidencia a falta de dados de algumas províncias e “números estranhamente baixos” em outras, o que indica que, como nos crimes de honra, a maioria de agressões passa despercebida.
(Com agência EFE)