‘Putin é responsável por morte de Navalny’, diz Biden
Presidente americano se juntou a coro de líderes que se pronunciaram sobre morte de opositor russo, anunciada nesta sexta-feira
![WASHINGTON, DC - JULY 12: U.S. President Joe Biden listens to Mexican President Andres Manuel Lopez Obrador as they talk to journalists in the Oval Office at the White House on July 12, 2022 in Washington, DC. This is the first meeting between the two North American leaders since Obrador did not to attend the Summit of the Americas last month in Los Angeles because the White House refused to invite leaders from Cuba, Nicaragua and Venezuela. Chris Kelponis-Pool/Getty Images/AFP (Photo by POOL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/07/063_1408269128.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, responsabilizou o presidente russo, Vladimir Putin, pela morte do opositor Alexei Navalny, nesta sexta-feira, 16.
“Para não haver erro: Putin é responsável pela morte de Navalny”, disse o democrata. Putin não só mira cidadãos de outros países, como estamos vendo o que está acontecendo na Ucrânia — ele também comete crimes terríveis contra seu próprio povo”.
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A morte do opositor foi anunciada nesta sexta-feira pelo serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, na Rússia, onde Navalny cumpria pena há cerca de três anos.
“Navalny sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência. A equipe médica chegou imediatamente e uma equipe de ambulância foi chamada. Foram realizadas medidas de reanimação que não produziram resultados positivos. Os paramédicos confirmaram a morte do condenado. As causas da morte estão sendo apuradas”, disse o comunicado oficial.
O governo russo disse ainda não ter nenhuma informação sobre a causa da morte de um dos principais adversários políticos do presidente Vladimir Putin.
Em discurso, o presidente americano também disse estar “ultrajado” pela notícia da morte do opositor, que, segundo ele, “se posicionou firmemente contra a corrupção, a violência e todas as coisas ruins que o governo de Putin estava fazendo”.
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“Mesmo na prisão, ele era uma poderosa voz pela verdade”, disse. “Ele poderia ter vivido em segurança no exílio após a tentativa de assassinato contra ele em 2020, que quase o matou (…) Em vez disso, regressou à Rússia – sabendo que provavelmente seria preso, talvez morto, se continuasse o seu trabalho. Mas fez isso. Porque acreditava profundamente no seu país, na Rússia”.
Biden também usou o caso para pressionar o Congresso americano a aprovar ajuda financeira à Ucrânia, em guerra com a Rússia desde 2022. “Temos de fornecer o financiamento para que a Ucrânia possa continuar a se defender contra os violentos ataques e crimes de guerra de Putin”, disse. O democrata afirmou que se os Estados Unidos não ajudarem a Ucrânia “nesse momento crítico”, “isso nunca será esquecido”.
Nesta semana, o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei de 95,34 bilhões de dólares (cerca de 470 bilhões de reais) que prevê ajuda para Israel, Ucrânia e Taiwan. O projeto será enviado agora para a Câmara, onde deve enfrentar resistência.
Reações
Outras autoridades também se pronunciaram sobre o caso. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou a morte como “chocante”, de acordo com seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
“Ele espera uma investigação completa, crível e transparente sobre as circunstâncias da morte sob detenção”, disse Dujarric.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “profundamente perturbada e triste” com a notícia da morte de Navalny, enquanto o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que “Navalny comprometeu-se pelos valores de liberdade e democracia. Guerreiros morrem, mas a luta pela liberdade nunca acaba”.
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse ser “óbvio que ele foi assassinado”.
“Putin não liga para quem morre, desde que esteja no poder. É por isso que ele deveria perder tudo. Ele deveria perder a guerra e deveria ser responsabilizado pelos crimes cometidos em seu nome”, disse durante entrevista coletiva em Berlim com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Scholz, por sua vez, disse que a morte é um “terrível sinal” de como a Rússia mudou nos anos recentes.
O secretário das Relações Exteriores britânico, David Cameron, afirmou que “Putin deveria ser responsabilizado pelo ocorrido – ninguém deveria duvidar da natureza terrível desse regime”.
Navalny
Navalny é um ex-advogado e tornou-se mundialmente conhecido há pouco mais de uma década por fazer críticas abertas contra Putin, por ter sido supostamente envenenado por homens do Kremlin e por expor uma suspeita rede de corrupção dentro do governo russo. Na década de 2010, quando ainda morava em sua terra natal, liderou um movimento contra o líder russo que levou milhares de pessoas às ruas do país.
O ativista foi detido por forças russas em janeiro de 2021 depois de retornar da Alemanha, onde foi tratado da suspeita de envenenamento. Ele foi condenado a nove anos de prisão por fraude, mas depois os tribunais russos aplicaram uma nova pena por “extremismo”, elevando a sentença para quase trinta anos. Ele também foi imputado por desrespeitar o Judiciário.
O ativista, por sua vez, acusava o governo russo de censura e de forjar provas para incriminá-lo.