Protestos sinalizam fracasso indiano na Caxemira
Em dois meses, 55 pessoas morreram em manifestações contra a Índia. As quatro mortes mais recentes ocorreram nesta sexta-feira
Nesta sexta-feira, milhares de pessoas foram às ruas na Caxemira, com pedras nas mãos, para protestar contra a interferência ostensiva das forças militares indianas no cotidiano da região. Foi o maior protesto popular desde que a Caxemira passou a fazer parte da Índia, em 1949. Entre gritos de “Índia, vá embora. Nós queremos liberdade!”, quatro pessoas morreram e dez ficaram feridas.
As manifestações indicam o fracasso dos esforços da Índia, país de maioria hindu, em tentar controlar uma região de maioria muçulmana e com características culturais próprias. Os protestos incessantes, que já duram dois meses, levam a uma das mais graves crises internas na história recente da Índia. A população da Caxemira não tolera mais o estado de guerra criado pela presença militar indiana.
O governo justifica a intervenção militar como medida de segurança, uma vez que terroristas islâmicos atuam na região desde os anos 70. Para a Índia, quem financia essas atividades é o Paquistão, seu grande rival regional, de população majoritariamente muçulmana. Em 1948, Índia e Paquistão iniciaram um conflito pelo domínio do território. Um ano depois, a Organização das Nações Unidas (ONU) interferiu e encerrou a disputa dividindo o território em duas partes: um terço para o Paquistão, sob o nome de Azad Caxemira, e dois terços para a Índia, no que virou Jammu-Caxemira.