Milhares de seguidores do movimento que pede a renúncia da primeira-ministra Yingluck Shinawatra se mobilizam nesta segunda-feira para “bloquear” Bangcoc, em uma nova onda de protestos contra o governo interino e pela suspensão das eleições parlamentares marcadas para 2 de fevereiro, que o Partido Democrata, o principal da oposição, promete boicotar.
Os manifestantes começaram a se concentrar em sete locais da cidade onde foram levantadas barricadas com sacos de areia, cercas e blocos de cimento com objetivo de interromper todo o tráfico e deixar paralisada a capital tailandesa, que tem 10 milhões de habitantes.
Para impedi-los, o governo deslocou um efetivo de 18 000 policiais, cuja missão é prevenir incidentes em pontos que incluem a sede do governo, o aeroporto de Suvarnabhumi e as sedes de seis canais de televisão e das agências metropolitanas de abastecimento de água e eletricidade.
A ideia dos organizadores dos protestos é acampar indefinidamente nestes pontos e realizar várias manifestações rumo a prédios governamentais até conseguir a renúncia da primeira-ministra Yingluck Shinawatra.
O líder dos protestos, o ex-vice-premiê Suthep Taughsuban – no cargo entre 2008 e 2011 – descartou no domingo à noite qualquer negociação com o governo e expressou sua confiança na vitória do que chama “revolução popular”.
A Tailândia vive desde o início de novembro uma série de violentos protestos nas ruas que pedem o fim do governo da premiê Yingluck Shinawatra. A chefe de governo se recusa a renunciar, mas em reposta dissolveu o parlamento e convocou eleições numa tentativa de aplacar a crise.
Mas os manifestantes não aceitaram a convocação e tentam impedir a realização do pleito. A exigência dos opositores, formados em sua maioria pela elite financeira e militar de Bangcoc, é que antes de qualquer eleição seja implementada uma série de reformas políticas por meio de um conselho popular não eleito.
Histórico – A Tailândia vive uma crise política desde o golpe militar que derrubou em 2006 o governo de Thaksin Shinawatra, irmão da atual premiê. Ele, que vive exilado na Grã-Bretanha, e a irmã contam com grande apoio entre as classes baixas e nas áreas rurais do nordeste do país.
A atual onda de protestos estourou como reação a um projeto de lei apoiado pelo governo que pretendia conceder uma anistia ao irmão da premiê, que responde a várias acusações. Com isso, ele não precisaria cumprir uma pena de dois anos de prisão por corrupção. Os tribunais também congelaram milhões de dólares seus em bancos tailandeses, mas a Justiça tailandesa acredita que ele ainda tenha uma grande quantidade de dinheiro no exterior. Thaksin foi condenado à revelia em 2008, dois anos depois de ser derrubado em um golpe militar. Vive no exílio desde então.
Desde o estabelecimento da monarquia constitucional na Tailândia, em 1932, o país já passou por dezoito golpes de estado ou tentativas de derrubar o governo. A onda atual de protestos já deixou ao menos oito mortos.
(Com agências EFE e France-Presse)