Promotoria retira acusações após “bispo do luxo” pagar 20 mil euros
Afastado de sua diocese por tempo indeterminado pelo papa Francisco, Franz-Peter Tebartz-van Elst era acusado de perjúrio ao falar sobre viagens à Índia

O “bispo do luxo” Franz-Peter Tebartz-van Elst chegou a um acordo nesta segunda-feira para se safar das acusações de perjúrio que respondia na Justiça alemã. Segundo a rede britânica BBC, Tebartz-van Elst pagou 20.000 euros (cerca de 61.000 reais) para dar o processo por encerrado. As acusações haviam sido formalizadas contra o bispo após as autoridades de Hamburgo, ao norte do país, suspeitarem de que ele estava mentindo sobre viagens de primeira classe feitas para a Índia – ele havia dito para a revista alemã Der Spiegel que tinha ido ao país para visitar habitantes de vilarejos carentes.
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Uma investigação para apurar se o bispo é culpado de lavar dinheiro ainda está em curso no país. Tebartz-van Elst ficou conhecido mundialmente ao gastar cerca de 31 milhões de euros (mais de 90 milhões de reais) em uma residência oficial em Limburgo, no oeste da Alemanha. A moradia episcopal foi inicialmente orçada em 5,5 milhões de euros (16,4 milhões de reais). Em outubro, o papa Francisco aplicou uma punição exemplar no “bispo do luxo” e o afastou por tempo indeterminado da sua diocese. A decisão, que representa quase uma demissão, foi tomada dois dias após Tebartz-van Elst se encontrar com o papa para discutir o escândalo.
A revista alemã Der Spiegel revelou que uma série de pedidos especiais do bispo aumentou em muito o custo final das obras. Somente os aposentos pessoais do bispo teriam custado 2,9 milhões de euros (8,6 milhões de reais), com uma sala de refeições de 63 metros quadrados e uma banheira de 15.000 euros (44.000 reais). A reportagem também afirmou que o bispo tentou, durante muito tempo, esconder o custo real dos trabalhos, que não parava de aumentar.
Após a suspensão do bispo, a Igreja Católica Alemã informou que poderá converter a luxuosa mansão em local de acolhimento e alimentação para pobres ou em um centro de refugiados. Segundo a imprensa alemã, a transformação do lugar em um centro de refugiados ou em um ‘sopão’ ajudaria a retomar o espírito de humildade que imperava durante a gestão de Franz Kamphaus, o antecessor imediato de Tebartz-van Elst no bispado de Limburgo, que chegou a se mudar para um seminário após ceder a residência episcopal para uma família de imigrantes da Eritreia.