Agentes dos Estados Unidos prenderam cerca de 17 000 membros de famílias que tentavam ilegalmente cruzar a fronteira do país com o México em setembro. O número representa um aumento de 31% sobre o mês passado, de acordo com números oficiais liberados nesta terça-feira, 23.
Segundo o governo de Donald Trump, o aumento nas prisões de famílias é evidência de uma “crise de fronteira”, já que que os grupos compostos de parentes são mais difíceis de ser detidos e deportados por causa de proteções concedidas pela lei dos Estados Unidos aos filhos de imigrantes.
Segundo os últimos números divulgados, o número de famílias que tentam entrar no país ilegalmente cresceu acentuadamente também nos últimos anos.
Os oficiais que patrulham a fronteira dos Estados Unidos prenderam quase 397 000 pessoas na fronteira sul do país no ano fiscal de 2018, que terminou em 30 de setembro, um aumento significativo em relação aos 304 000 apreendidos em 2017, mas que condiz com as tendências migratórias da última década.
Entre maio e junho deste ano, dezenas de menores imigrantes foram separados dos pais durante a aplicação de uma polícia de linha dura pelo governo americano. Muitas crianças pequenas que tentaram entrar ilegalmente com suas famílias no país foram mantidas em abrigos com condições duvidosas e sem muitos cuidados.
A política gerou muitas críticas de grupos de defesa de direitos humanos e até de outros países. Diante do escândalo, o governo americano hoje tenta encontrar soluções para lidar com as famílias presas na fronteira.
Caravana de hondurenhos
Ao abordar o caso da caravana de migrantes, em sua maioria de nacionalidade hondurenha, que percorre o México em direção aos Estados Unidos, Trump afirmou que eles “não entrarão” em seu país.
“Teremos que chamar nossos militares se necessário, mas não podemos permitir que isso ocorra. Não podemos permitir que o nosso país seja violado assim”, afirmou em entrevista no Salão Oval da Casa Branca.
Trump declarou que sabe “muito bem estimar o tamanho de multidões” e calculou que na caravana há cerca de “10.000 pessoas”.
O cálculo do presidente americano supera o do governo do México, que estima em 4.500 o número de integrantes da caravana, e o das Nações Unidas, que acredita que pode estar composta por 7.233 pessoas.
Trump alertou ontem para o fato de que entre os imigrantes da caravana há “criminosos e pessoas desconhecidas do Oriente Médio”, sem dar mais detalhes, depois que veículos de imprensa conservadores dos Estados Unidos especularam a possibilidade de que terroristas do grupo Estado Islâmico (EI) tenham se infiltrado.
Perguntado nesta terça se tem dados que o provem, o republicano respondeu que não, mas “poderia ser (verdade), perfeitamente”.
Nacionalismo
Em um comício no Texas, Trump voltou a se definir como um líder “nacionalista”, mas ressaltou não ser um “nacionalista branco”, termo que em seu país é considerado sinônimo de racista.
“Há uma palavra que saiu um pouco de moda, é ‘nacionalista’. E eu pergunto, seriamente, não deveríamos usar essa palavra? Sabem o que sou? Sou um nacionalista, tudo bem? Sou um nacionalista. Usem essa palavra”, disse.
“Tudo o que quero para o nosso país é que nos tratem bem, com respeito (…) Durante muitos anos, os outros países que são nossos aliados, chamados aliados, não trataram justamente o nosso país. Portanto, nesse sentido, sou absolutamente um nacionalista e sou orgulhoso disso,” completou.
(Com Reuters e EFE)