O Supremo Tribunal de Londres concluiu nesta sexta-feira, 15, que o príncipe Harry, do Reino Unido, foi vítima de escutas telefônicas e outros atos ilegais cometidos por jornalistas de tabloides britânicos. Com a vitória na corte, onde provou-se que os crimes aconteceram com o conhecimento de editores, o royal deve receber uma polpuda indenização de 140.600 libras (R$ 882.300).
Harry tornou-se o primeiro membro da família real britânica em 130 anos a prestar depoimento em tribunal quando sentou-se no banco de testemunhas, em junho. O processo mirava o Mirror Group Newspapers, a editora dos tabloides Daily Mirror, Sunday Mirror e Sunday People, que ele acusou de terem-no perseguido por 15 anos.
Além da indenização, Harry apelou às autoridades e à polícia para tomarem medidas contra os jornalistas que, segundo o tribunal, infringiram a lei.
“Hoje é um grande dia para a verdade e também para a responsabilização [dos culpados]”, disse ele em comunicado, que foi lido pelo seu advogado, David Sherborne.
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Como foi o julgamento
O duque de Sussex foi um dos cerca de 100 requerentes que abriram processos acusando jornais britânicos de usarem práticas ilícitas, como escutas telefônicas clandestinas e captação ilegal de informações, entre 1991 e 2011. Outros nomes incluem atores, estrelas do mundo dos esportes, celebridades e indivíduos conectados a figuras de destaque na sociedade.
Harry e três outros foram escolhidos como “casos teste”. O julgamento considerou 33 artigos de jornal dos cerca de 140 que ele alegou serem resultado de comportamento ilegal ao longo de 15 anos, a partir de 1996. O juiz responsável concluiu que houve atividades ilícitas e hackeamentos generalizados entre 1996 e 2011.
“Descobri que 15 dos 33 artigos que foram julgados foram produto de hackeamento de seu celular ou dos celulares de seus associados, ou produto de outra coleta ilegal de informações”, disse o juiz Timothy Fancourt. “Considero que o telefone dele foi hackeado apenas de forma modesta e que provavelmente foi cuidadosamente controlado por certas pessoas em cada jornal.”
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Responsabilização
O julgamento foi contundente sobre o envolvimento de editores seniores e executivos dos tabloides na operação, dizendo que eles estavam plenamente conscientes do que estava acontecendo. No entanto, entendeu-se que quase todos os membros do conselho do Mirror Group Newspapers, de propriedade da Reach, foram mantidos no escuro.
“Acolhemos com satisfação o julgamento de hoje, que dá à empresa a clareza necessária para avançar em relação aos eventos que ocorreram há muitos anos”, disse um porta-voz do conselho. “Onde ocorreram irregularidades históricas, pedimos desculpas sem reservas, assumimos total responsabilidade e pagaremos a compensação apropriada.”
Entre os editores acusados está o famoso locutor Piers Morgan, que se tornou um crítico vocal de Harry e de sua esposa, a atriz americana Meghan Markle. Ele, porém, sempre negou qualquer conhecimento de hackeamento de telefones.
“O tribunal concluiu que os principais diretores do conselho do Mirror Group, seu departamento jurídico, executivos seniores e editores como Piers Morgan, claramente sabiam ou estavam envolvidos nessas atividades ilegais”, disse o comunicado de Harry. “Alguns chegaram ao ponto de mentir sob juramento ao parlamento, durante o inquérito Leveson, à Bolsa de Valores e a todos nós desde então.”