Os presidentes do Sudão e do Sudão do Sul se acusaram mutuamente nesta quinta-feira de ter escolhido a guerra, depois que autoridades sul-sudanesas denunciaram o bombardeio de uma grande cidade fronteiriça por parte da força aérea sudanesa.
“Nossos irmãos do Sudão do Sul escolheram o caminho da guerra, aplicando os planos estrangeiros ditados pelas partes que os sustentavam durante a guerra civil”, disse à imprensa o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, em Cartum.
Por sua vez, ao falar perante o Parlamento em Juba, o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, disse que “Bashir anunciou uma guerra total contra o Sudão do Sul. Tudo o que havíamos negociado no Acordo de Paz Global agora nos é apresentado como um problema”.
Kiir se referia ao acordo que em 2005 pôs fim a 22 anos de guerra civil entre o Norte e o Sul do Sudão, e que permitiu conduzir o processo que em 2011 terminou com a divisão do país.
Pontos fundamentais ficaram indefinidos, como a linha de fronteira comum e o destino das receitas pela exportação de petróleo, e agora estas indefinições se tornaram críticas.
“Sempre disse que não levarei o povo do Sudão do Sul à guerra, mas se somos agredidos desta forma devemos nos defender”, disse Kiir em um discurso sob um forte aplauso, ao mesmo tempo em que nas ruas ocorriam manifestações de apoio a sua posição.
Nesta quinta-feira, o governo do Sudão do Sul acusou o Sudão de ter bombardeado Bentiu, capital do Estado sul-sudanês de Unidade.
A Força Aérea do Sudão “lançou bombas sobre a localidade de Bentiu e aparentemente tinha por alvo uma ponte”, acusou à AFP o vice-ministro da Informação do Sudão do Sul, Atem Yaak Atem, embora tenha acrescentado que o ataque não deixou vítimas.
De acordo com este dirigente, cinco bombas foram lançadas de madrugada. A ponte, situada perto de um complexo da ONU, conecta Bentiu a uma estrada em direção ao Norte. Bentiu está a apenas 60 km da fronteira com o Sudão, onde ocorrem violentos combates entre os dois vizinhos.