A presidente argentina, Cristina Kirchner, reapareceu em público nesta terça-feira, depois de ter sido reeleita no último domingo em uma vitória histórica, com 54% dos votos, ovacionada por milhares de partidários e convidada pelo presidente dos Estados Unidos para uma reunião.
“Quero agradecê-los por seu carinho e dizer a vocês que serei a companheira que fui, durante toda a minha vida, dos setores menos favorecidos”, afirmou uma sorridente Cristina para milhares de partidários, na periferia de Buenos Aires.
Momentos antes do primeiro ato popular da chefe de governo argentina depois das eleições presidenciais, o titular do escritório da América Latina na Casa Branca, Dan Restrepo, comunicou-se com o governo argentino “para solicitar um encontro bilateral” entre os presidente dos dois países, informou a chancelaria argentina.
O encontro de Cristina com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acontecerá “durante a próxima reunião do G-20, entre 3 e 4 de novembro, em Cannes, França”, afirmou o chanceler Héctor Timmerman a Restrepo.
As relações entre Buenos Aires e Washington esfriaram por causa de um incidente em que, no último dia 10 de fevereiro, foram apreendidos materiais de guerra e comunicações de um avião americano que havia aterrissado no aeroporto internacional de Ezeiza, ao sul de Buenos Aires. O governo argentino argumentou que o conteúdo da carga não estava autorizado, e a Casa Branca protestou energicamente ao declarar que o mesmo estava destinado à cooperação com a polícia local.
Cristina Kirchner, 58, venceu o socialista Hermes Binner por 37 pontos, igualando a maior diferença já registrada na história das eleições argentinas, entre o presidente eleito Juan Perón e o social-democrata Ricardo Baldín, em 1973.
A presidente reeleita, uma advogada peronista de centro-esquerda, participou de um ato em Lanús para inaugurar uma unidade de saúde destinada aos moradores do bairro. A unidade assistencial fica em uma área populosa que abriga a comunidade carente Villa Jardín, que a presidente diz ser uma das mais antigas da América Latina.
Após o ato, Cristina liderou na Casa Rosada a assinatura de um acordo de cooperação entre a agência espacial americana (Nasa) e a agência atômica argentina (Conae).
Apesar de as eleições de 2015 ainda estarem distantes, e de Cristina não poder disputar um terceiro mandato, a presidente lançou em Lanús um recado político a um dos líderes da oposição, o prefeito direitista de Buenos Aires, Mauricio Macri.
“Pedimos solidariedade àqueles que têm uma renda maior e que estão do outro lado do Riachuelo”, disse a presidente, referindo-se à prefeitura da capital, e lembrando que o governo federal está investindo 250 milhões de dólares para despoluir o canal, que separa a zona sul da capital da periferia.