Premiê britânico critica comentários de Trump sobre muçulmanos
No Parlamento, David Cameron também rejeitou proposta de proibir entrada do magnata americano na Grã-Bretanha
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, chamou nesta quarta-feira de “estúpidos e equivocados” os comentários do político americano Donald Trump pedindo a proibição da entrada de muçulmanos em seu país. Apesar das críticas ao pré-candidato republicano, Cameron rejeitou proibir a entrada de Trump na Grã-Bretanha, como pediram uma deputada e centenas de milhares de pessoas.
“Concordo em excluir as pessoas quando vão radicalizar os demais ou encorajar o extremismo. Mas estou em desacordo sobre (excluir) Donald Trump”, disse.
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Trump recebeu uma chuva de críticas por sua proposta de “fechamento total e completo” das fronteiras aos muçulmanos, em particular da Grã-Bretanha, país que utilizou como exemplo do fracasso da integração dos muçulmanos. Mais de 560.000 pessoas assinaram um manifesto dirigido ao Parlamento britânico solicitando a proibição da entrada do político, uma medida tomada ocasionalmente com pessoas cujos posicionamentos públicos são considerados uma incitação ao ódio.
Além disso, o governo regional da região britânica da Escócia – de onde a mãe de Trump era proveniente – retirou o título honorário de embaixador comercial do magnata, que também perdeu o título de doutor honoris causa de uma universidade.
A Nobel da Paz Malala Yousafzai, que é muçulmana e vive em Birmingham, condenou a “ideologia do ódio” de Trump durante uma cerimônia em memória das 134 crianças que morreram há um ano em um ataque dos talibãs no Paquistão. “É trágico ouvir esses comentários cheios de ódio, cheios de ideologia que discrimina”, disse Malala.
“Munição aos jihadistas” – O site americano Huffington Post, que desde julho noticiava assuntos relacionados à campanha do magnata em sua editoria de Entretenimento por considerá-la um “espetáculo à parte”, anunciou uma mudança de estratégia editorial após a proposta de barrar a entrada de muçulmanos nos EUA. “O site citou o tuíte do jornalista americano Jeffrey Goldberg para justificar a decisão: ‘Donald Trump é agora uma ameaça real à segurança nacional. Ele está fornecendo aos jihadistas munição à campanha para demonizar os Estados Unidos'”. A cobertura jornalística continua, segundo o site, por meio da editoria de Política “para lembrar o leitor quem é Donald Trump e o que sua campanha realmente representa”.
(Com agência France-Presse)