Por que os furacões que atingem o Caribe e os EUA estão cada vez piores
Mais fortes, fenômenos serão mais custosos em termos de prejuízos financeiros e mortes caso áreas costeiras não sejam mais resilientes

Embora cientistas ainda não consigam cravar que a mudança climática levará a um aumento na frequência de furacões, há cada vez mais confiança de que temperaturas mais quentes nos oceanos e o aumento dos níveis do mar devem intensificar os impactos dos fenômenos. Mais fortes, os furacões serão mais custosos em termos de danos e mortes se não houver políticas globais para conter o aquecimento global e para tornar áreas costeiras mais resilientes.
Os furacões, por definição, já são as mais violentas tempestades do planeta, atingindo a região do Caribe, Golfo do México e costa leste americana entre os meses de junho e novembro. O fenômeno tem como homólogos os ciclones, que ocorrem no sul do oceano Pacífico e no oceano Índico, e os tufões, no noroeste do Pacífico.
Um estudo recente da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, afirma que desde 1900 os furacões se tornaram muito mais destrutivos por conta do aquecimento global. Além disso, os mais avassaladores desses fenômenos foram três vezes mais frequentes desde o fim do século retrasado.

Em setembro, o estado americano da Louisiana foi atingido por uma tempestade mais forte que o furacão Katrina, que devastou a região há 16 anos e ainda deixa cicatrizes visíveis por Nova Orleans e arredores. Intensificado nas águas quentes do Golfo do México, o furacão foi de categoria 4, um nível abaixo do máximo, com ventos de cerca de 240 quilômetros por hora, e o quinto mais forte da história a atingir o continente.
Embora os meteorologistas americanos já tivessem previsto as chuvas, o ritmo da tempestade espantou. Ida bateu vários recordes, resultando no dia mais chuvoso em Newark, Nova Jersey, desde 1977. Em Nova York, foi emitido pela primeira vez na história o status de emergência de inundação repentina na cidade. Segundo o Serviço Meteorológico Nacional da cidade, o Central Park registrou 7,13 polegadas de chuva, quase dobrando o recorde anterior de 1927.
Rainfall from tropical storm Ida gushing into the New York City subway pic.twitter.com/7wBH5qtM1U
— David Begnaud (@DavidBegnaud) September 2, 2021
Segundo especialistas, as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas à intensidade e gravidade das enchentes. Isso se dá porque o ar quente tem mais vapor de água do que o ar frio. Com as temperaturas elevadas no hemisfério norte, as chuvas também aumentaram. Recentemente, tempestades intensas também atingiram outros países, como Alemanha.

Da mesma forma, as variações climáticas também interferem nos furacões, fazendo com que sejam mais fortes e perigosos. Dessa forma, eles produzem mais chuva, se movem mais lentamente e causam mais estragos, justamente o que aconteceu com o Ida na costa leste americana. Mais duradouros, eles podem adentrar mais e mais o continente.
Além disso, os pesquisadores apontaram que, em média, os furacões recentes demoram quase duas vezes mais para desacelerar e sumir do que há 50 anos. O estudo foi realizado com base em simulações computacionais de ciclones a diferentes temperaturas.
A história recente também reflete os custos crescentes dos furacões: quatro dos 10 furacões que mais causaram danos nos Estados Unidos ocorreram em 2017 e 2018. O Katrina ainda é o que mais gerou prejuízos financeiros, na casa dos 168 bilhões de dólares. Em comparação, na temporada de furacões de 2017, o Harvey, Maria e Irma custaram juntos 300 bilhões de dólares.
Além de prédios e casas, os fenômenos ameaçam infraestruturas como sistemas elétricos, tratamento de água e esgoto, transportes e estruturas de gestão de enchentes.

Com o mundo cada vez mais quente, especialistas afirmam que diminuir as emissões de gases causadores do efeito estufa é a principal maneira de reduzir o risco de furacões mais fortes no futuro. Em relatório publicado em agosto, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU indicou que o aquecimento global está avançando mais rapidamente do que o esperado e que a atividade humana está alterando o clima do planeta de maneiras “sem precedentes”. Além disso, algumas das mudanças já se tornaram “irreversíveis”.
Segundo o IPCC, os picos de temperatura passarão a ser mais frequentes conforme o planeta fica mais quente. Não existem mais dúvidas de que a humanidade é a responsável pelo avanço do aquecimento global. Para os cientistas, a questão não é mais se a temperatura poderá ou não subir, mas sim quanto.
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