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População da síria Qousseir se prepara para um duro Ramadã

Por Por Antonio Pampliega
10 jul 2012, 15h50

Em Qousseir, cidade síria insurgente sitiada há meses, as lojas estão vazias e os moradores, que vivem assolados pelos bombardeios, recebem pouca ajuda externa e se preparam para passar um Ramadã difícil.

A rua que abrigava o principal bazar desta cidade, localizada na fronteira com o Líbano, agora está totalmente abandonada. As tropas sírias a bombardearam, destruindo a imensa maioria dos estabelecimentos comerciais.

“A presença de franco-atiradores nas imediações também não ajuda muito no comércio”, comenta com ironia Omar, cuja loja está fechada há mais de dois meses, desde que foi destruída em um dos bombardeios diários.

Passear por este antigo bazar é andar por um bairro fantasma. Não há uma só persiana metálica que não tenha ficado esburacada por tiros de metralhadora. Alguns estabelecimentos apresentam impactos diretos de disparos de morteiro, como uma barbearia com assentos espalhados e espelhos estilhaçados.

“Este local foi um dos primeiros alvos atacados pelas tropas do governo. O objetivo principal era deixar sem produtos básicos os moradores da cidade para que não pudessem resistir por muito tempo ao assédio”, afirma Omar.

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Em toda a cidade devem estar abertos cerca de 50 mercados, mas quase todos têm gôndolas vazias e falta quase tudo. “Só temos dois açougues, onde é vendida apenas carne da pior qualidade porque não chega mais nada”, afirma Nadim, outro comerciante da região.

“Dentro de dez dias começa o Ramadã e estou certo de que os problemas se agravarão e a situação vai ficar mais complicada, porque os alimentos vão parar de passar pelas rotas de abastecimento”, comenta.

Apesar de a carestia de produtos começar a preocupar os moradores, todos os dias vários veículos com produtos básicos conseguem burlar as fortes medidas de segurança.

Há contrabandistas que conseguem fazer os alimentos passarem, além de muitos sírios que vivem na Europa ou nos Estados Unidos que doam dinheiro para a compra de artigos de primeira necessidade.

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“Qatar, Arábia Saudita e outros países árabes só fornecem 5% do total do dinheiro que recebemos mensalmente”, afirma Abdul Karim Yarbad, um rico comerciante que se juntou à insurgência, enquanto mostra à AFP a lista com todas as famílias que precisam de ajuda.

“Não sabemos o que vai acontecer amanhã, mas é preferível guardarmos os produtos nas despensas para que possamos recorrer a eles em um momento de desespero. Mas se fizermos isso, significará que a situação piorou e que estamos entre a cruz e a espada”, acrescentou.

Aqui o dinheiro também é distribuído todos os meses às famílias que perderam algum membro durante a revolução: 50 dólares para uma viúva sem filhos, e 110 dólares às famílias com filhos. Muitas perderam o único membro que trabalhava e já não têm dinheiro para comprar absolutamente nada.

“É uma forma de agradecer pelo sacrifício que fazem pela revolução”, afirma Abdul Karim Yarbad, enquanto os habitantes de Qousseir fazem fila para conseguir a comida fundamental para que resistam por mais um mês aos intensos bombardeios.

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