Pompeo se reúne com aliados dos EUA em Tóquio e volta a criticar a China
Imagem chinesa entre países desenvolvidos continua em queda, em especial devido à pandemia, apontou estudo do Pew Research Center em 14 nações
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, criticou duramente a China nesta terça-feira, 6, em uma reunião em Tóquio com os chefes da diplomacia da Austrália, Índia e Japão com o objetivo de apresentar uma frente unida na região do Indo-Pacífico contra Pequim.
“Ansioso para discutir o aumento da cooperação para promover nossa visão compartilhada de um #IndoPacific livre e aberto, composto de nações que são independentes, fortes e prósperas”, tuitou Pompeo em provocação à China.
Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão compõem desde 2019 um grupo estratégico informal chamado Quad (de quadrilateral) com foco na área de segurança na região dos oceanos Índico e Pacífico.
O objetivo do Quad é intensificar a cooperação entre seus membros ante uma China cada vez mais poderosa e ambiciosa. Até o momento, porém, o impacto do grupo é principalmente simbólico.
A visita de Pompeo ao Japão é a primeira de um alto funcionário do governo americano desde que Yoshihide Suga assumiu o cargo de primeiro-ministro japonês, no mês passado, após a renúncia de Shinzo Abe por questões médicas.
O secretário de Estado americano disse nesta terça-feira concordar com Suga sobre a liberdade e a abertura internacional serem, nas palavras do premiê japonês, “a base da paz e da estabilidade” no Indo-Pacífico.
“Eu apenas acrescentaria que a pedra fundamental é a relação entre os EUA e o Japão”, disse Pompeo, antes de se reunir com o ministro das Relações Exteriores japonês, Toshimitsu Motegi.
De acordo com um comunicado divulgado pelo Departamento de Estado, o chefe da diplomacia americana ainda discutiu com a sua contraparte australiana, Marise Payne, “preocupações comuns sobre as atividades maliciosas” da China na região.
Nos últimos meses, o governo de Donald Trump, e em especial Pompeo, sustenta relações tensas com Pequim nas áreas de segurança, comércio e tecnologia.
As relações de Pequim com a Austrália e a Índia também foram abaladas neste ano, devido, no caso de Sydney, à pandemia da Covid-19, e, no caso de Nova Délhi, às restrições indianas a aplicativos chineses e a conflitos territoriais.
A China não esconde sua opinião sobre o Quad. Na semana passada, o ministério chinês das Relações Exteriores pediu aos países que evitem os “grupos fechados e exclusivos”.
“Esperamos que os países envolvidos consigam avançar a partir dos interesses comuns de toda a região e fazer mais coisas que favoreçam a paz, a estabilidade e o desenvolvimento da região, e não o contrário”, declarou o porta-voz do ministério, Wang Wenbin.
Imagem em baixa
Um estudo divulgado nesta terça-feira, 6, pelo instituto de pesquisa Pew Research Center mostrou uma forte deterioração em meio à pandemia na percepção da China nos Estados Unidos e em outros 13 países desenvolvidos.
Entre os americanos, 73% têm uma imagem desfavorável de Pequim, o que implica um aumento de 20 pontos percentuais desde que Trump iniciou seu mandato em 2017 com uma agenda nacionalista.
A percepção negativa da China é especialmente alta na Austrália. Atualmente, 81% dos australianos avaliam Pequim negativamente, 24 pontos percentuais a mais do que há um ano.
Em países como Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha, Holanda, Coreia do Sul, Espanha e Suécia, a rejeição da China está em seu nível mais alto.
Nos países pesquisados, 61% disseram que o governo chinês lidou mal com o surto de coronavírus. A única nação que obteve piores avaliações foi os Estados Unidos, país que contabiliza um quinto de todas as mortes por Covid-19 no mundo.
O desgosto com a China também foi alimentado por suas políticas comerciais, seu controverso histórico em relação aos direitos humanos e suas relações diplomáticas na Ásia.
(Com AFP)