Polícia francesa prende grupo neonazista suspeito de ‘caça aos judeus’
Operação descobriu 'número alarmante' de armas, incluindo metralhadoras, 30 kg de pólvora e explosivos em Estrasburgo, no nordeste da França
Uma operação da polícia da França descobriu um arsenal de armas depois de prender quatro homens suspeitos de pertencer a um grupo neonazista na região da Alsácia, na fronteira com a Alemanha.
Cerca de 200 policiais detiveram os homens, com idades entre 45 e 53 anos, em suas casas na terça-feira, 31. De acordo com a promotora da região, Edwige Roux-Morizot, foi encontrado no local um “número alarmante” de armas, incluindo metralhadoras, 30 kg de pólvora e materiais para fazer explosivos.
O tenente-coronel Yann Wanson, da unidade policial local, informou que os agentes também apreenderam pelo menos 120.000 cartuchos de munição e cerca de 25.000 euros (128.230 reais). As quantidades de munição são “tão grandes que estamos falando mais em termos de peso”, destacou Wanson, estimando que juntas as balas pesam mais de uma tonelada.
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A operação ocorreu após serviços de inteligência determinarem que membros de um pequeno grupo neonazista participaram de uma “caça aos judeus” durante uma partida de futebol na cidade de Estrasburgo, capital da Alsácia.
“Foi o risco de agirem que tornou necessária” a intervenção dos policiais, explicou Roux-Morizot. Segundo a promotora, ainda não foram encontradas provas de nenhum plano específico, mas investigadores encontraram conteúdos antissemitas nos computadores dos suspeitos.
Os quatro detidos são acusados de tráfico de armas e podem ser condenados a 10 anos de prisão. Dois estão em prisão preventiva e o restante foi colocado em liberdade com controle judicial, explicou a autoridade do Ministério Público francês.
A região administrativa da Alsácia, localizada no leste do país, já foi palco de pelo menos outros três incidentes de vandalismo antissemita em cemitérios judeus desde 2018. Em 2020, mais de 100 lápides foram pichadas com suásticas nazistas.
A França vivencia um aumento acentuado na violência contra judeus. Segundo um estudo divulgado pela Universidade de Tel Aviv em abril, o país registrou um aumento de 75% nos incidentes antissemitas em comparação aos índices de 2020.
Em 2017, o caso de Sarah Halimi, uma mulher judia de 65 anos que foi jogada de sua janela, provocou protestos nacionais após o assassino ter sido absolvido por estar sob a influência de drogas.
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O incidente fez o presidente francês, Emmanuel Macron, aprovar em 2021 uma mudança na lei para garantir que as pessoas sejam responsabilizadas por crimes violentos mesmo que sob efeito de psicoativos.