Plano de realocação de hipopótamos de Escobar vai custar US$ 3,5 milhões
Acordo assinado nesta semana coloca um fim a uma saga que já dura 30 anos
Autoridades da Colômbia informaram nesta quinta-feira, 30, que os planos para realocar 70 “hipopótamos da cocaína” descendentes do zoológico particular do narcotraficante Pablo Escobar vão custar cerca de US$ 3,5 milhões. O acordo, assinado pelo governo de Antioquia e por outras instituições como o Instituto Colombiano de Agricultura e a Força Aérea Colombiana, pôs um fim a uma saga que já dura 30 anos.
O Santuário de Ostok, no México, vai abrigar 10 dos hipopótamos, enquanto que os outros 60 vão ser transportados para um santuário na Índia. O plano de levá-los para um santuário foi aprovado por não ser viável trazer os animais de volta para sua terra natal, na África, por riscos ao ecossistema local.
O processo de transporte vai ser realizado assim que o Ministério do Ambiente emitir os “passaportes de hipopótamos” e pode acontecer até o final do primeiro semestre deste ano, informou o comunicado divulgado nesta quarta-feira
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O acordo feito vai destinar recursos para construir caixas para os hipopótamos além de cobrir custos de transporte aéreo. Apesar dos esforços das autoridades para controlá-los com castrações e “tiros” de dardos anticoncepcionais, a população destes mamíferos herbívoros cresceu drasticamente.
De acordo com o governo colombiano, atualmente existem entre 130 e 160 hipopótamos. A espécie se espalhou para muito além da antiga fazenda de Escobar, a Fazenda Nápoles, onde começaram como uma população de apenas um macho e três fêmeas.
Reunidos na década de 1980, os hipopótamos originais faziam parte de uma coleção de animais exóticos de Pablo Escobar e ficavam em seu rancho a cerca de 250 quilômetros de Medellín. Em 1993, após sua morte, as autoridades realocaram a maioria dos outros animais, menos os hipopótamos, pois eram muito difíceis de serem transportados.
No entanto, por estarem livres de predadores naturais, eles começaram a se reproduzir rapidamente, e estenderam seu alcance longo da bacia do rio Magdalena. Agora, segundo as autoridades locais, os hipopótamos representam um desafio ambiental e preocupam os moradores próximos
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“Estamos tentando salvar a vida dos hipopótamos, mas também proteger a vida das pessoas na região de Magdalena Medio”, disse o governador do departamento de Antioquia, Aníbal Gaviria, em uma entrevista coletiva na quarta-feira, 29.
Recentemente os hipopótamos foram considerados uma espécie invasora na Colômbia e se transformaram em uma ameaça à agricultura e à segurança das pessoas. Além disso, os dejetos dos hipopótamos impactaram os níveis de oxigênio nos corpos d’água, algo que pode reduzir a qualidade da água e causar mortes em massa de peixes.
Porém, a população que mora onde o rio Cocorná encontra o rio Magdalena tem mais carinho pelos hipopótamos por lucrarem com o turismo desses grandes mamíferos na região.
“Não queremos que sejam esterilizados ou mortos”, disse Álvaro Díaz, um pescador que cobra turistas para ver os animais, ao The Guardian em março. “Aprendemos a coabitar com o hipopótamo e podemos ler sua linguagem corporal para sabermos quando estão com raiva e querem ficar sozinhos. E além disso, eles nasceram aqui. Eles também são colombianos agora”.