O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 20, pela primeira vez, que o grupo armado palestino Hamas cometeu “terrorismo” ao bombardear Israel. Tel Aviv, segundo ele, respondeu de “forma insana” à investida, iniciada em 7 de outubro.
Em seu primeiro pronunciamento público desde sua cirurgia no quadril, em 29 de setembro, Lula aproveitou a cerimônia dos 20 anos do Bolsa Família, organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social, para abordar a guerra no Oriente Médio.
“Hoje, quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza. Que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e os matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças”, disse o petista ao lado da primeira-dama, Janja, por meio de uma videoconferência.
Além disso, o líder brasileiro relembrou a guerra na Ucrânia, escanteada pelo conflito em Gaza, e prestou solidariedade às famílias de crianças mortas desde a invasão russa, em fevereiro do ano passado.
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“Não é possível tanta irracionalidade, tanta insanidade, que as pessoas façam uma guerra tendo em conta que as pessoas que estão morrendo são mulheres, pessoas idosas, crianças, que não estão tendo, sequer, o direito de viver”, acrescentou Lula no discurso desta sexta-feira.
Em agosto, Lula foi alvo de críticas do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que acusou o petista de reproduzir falas do seu homólogo russo, Vladimir Putin. Na ocasião, ele afirmou que antes pensava que o petista “tinha uma compreensão maior do mundo”.
Também nesta sexta-feira, Lula conversou com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre a guerra Israel-Hamas e a situação dos reféns, sequestrados no primeiro dia da guerra. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os líderes “concordaram sobre a necessidade de libertação imediata dos reféns pelo Hamas e sobre o terrível impacto do conflito nas crianças palestinas e israelenses”.
No telefonema, as lideranças também trataram sobre a “importância de se estabelecer corredor humanitário para a saída de estrangeiros e entrada de água potável, alimentos e remédios em Gaza”, enquanto se comprometeram a continuar o debate em “busca de uma solução pela paz” no Oriente Médio. Até o momento, mais de 4 mil pessoas morreram em decorrência da escalada da violência entre o Estado judeu e os militantes palestinos.