Partido de premiê apresenta recurso contra eleições no Zimbábue
Mugabe foi declarado vencedor com 61% dos votos. Oposição aponta fraude
O Movimento pela Mudança Democrática, partido do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, apresentou nesta sexta-feira um recurso contra o resultado das eleições de 31 de julho, que asseguraram a continuidade de Robert Mugabe, de 89 anos, no poder. Ele é presidente do Zimbábue desde a criação do país, em 1980. O MDC afirma que houve fraude no processo de votação e quer que um novo pleito seja realizado.
“O pedido que nós fazemos é que estas eleições sejam declaradas nulas e sem efeito (…), e também que novas eleições sejam organizadas em 60 dias”, disse a jornalistas o porta-voz do partido Douglas Mwonzora. “Vamos apresentar boas provas”, acrescentou.
A Comissão Eleitoral do Zimbábue declarou Mugabe vencedor com 61% dos votos contra 34% de Tsvangirai. O partido governista Zanu-PF recebeu mais de dois terços dos assentos da Assembleia Nacional. Tsvangirai considerou as eleições “uma enorme farsa” e exigiu a verificação dos registros eleitorais, das cédulas de votação e dos certificados de inscrição de eleitores.
As denúncias apontam que vários eleitores não conseguiram votar por não terem encontrado seus nomes nos locais de votação, já que estes eram diferentes de onde costumavam ir, e outros não tinham os documentos de identidade necessários.
O resultado do pleito deve representar o fim de uma frágil coalizão formada sob pressão dos países vizinhos há quatro anos com Mugabe e Tsvangirai à frente. O objetivo era recuperar a economia do país e evitar uma guerra civil após a campanha eleitoral em 2008, quando mais de 200 pessoas morreram. Naquele ano, Mugabe foi reeleito num segundo turno em que era o único candidato. Para conseguir o resultado, usou de truculência contra a oposição. Tsvangirai, que tinha vencido o primeiro turno com 48% dos votos, foi preso várias vezes e acabou retirando sua candidatura.
(Com agência France-Presse)