Os parlamentares da oposição em Israel deram o primeiro passo nesta quarta-feira, 2, para dissolver o governo e convocar novas eleições. O texto que pede a renovação do Parlamento vai agora para uma comissão parlamentar e, se aprovado, o país poderá ter a quarta eleição em menos de dois anos.
A proposta, que recebeu 61 votos favoráveis e 53 contra, partiu do chefe da oposição, Yair Lapid. Benny Gantz, ministro da Defesa e líder do partido Azul e Branco, disse na terça-feira que a recusa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em aprovar um novo orçamento para o governo prova que o premiê está em busca da quarta eleição e legisla em causa própria.
Gantz e Netanyahu formaram um governo de união após a terceira eleição consecultiva em abril. Como em nenhum pleito os dois políticos conquistaram a maioria suficiente para governar, optaram por se revezar no poder. Enquanto o primeiro-ministro governaria pelos dois primeiros anos de mandato, Gantz chefiaria o ministério da Defesa – o segundo posto mais importante do país – e assumiria o governo na sequência.
Para especialistas, a dissolução do governo em meio a pandemia de Covid-19 e um novo impasse após as novas eleições poderia paralisar de vez o governo, uma vez que os eleitores possuem a impressão que tanto Gantz quanto Netanyahu usam o combate à doença para capitalizar politicamente.
“Se nos últimos seis meses o trabalho do governo foi interrompido por causa do impasse, novas eleições em meio à pandemia certamente levarão a uma paralisia completa”, diz Yohanan Plesner, presidente do Instituto da Democracia de Israel.
Nos bastidores, segundo a imprensa israelense, os dois políticos não se davam bem. De acordo com as informações que circulam, a recente visita secreta de Netanyahu à Arábia Saudita, onde se reuniu com o principe herdeiro, teria sido programada sem que Gantz fosse notificado.
O movimento da oposição e de Gantz também ocorre no momento em que Israel é acusado de ter assassinado o principal cientista iraniano encarregado do programar nuclear de seu país. Teerã também já alertou por diversas vezes que estuda retaliação.