A França e a Grã-Bretanha disseram ao líder líbio Muamar Kadafi nesta quinta-feira que, se os ataques contra cidadãos de seu país continuarem, farão pressão pela imposição de uma zona de exclusão aérea. O aviso foi emitido após discussões em Paris entre o ministro de Relações Exterior francês, Alain Juppé, e seu colega britânico, William Hague. O assunto está sendo debatido internacionalmente há vários dias e não há consenso na Organização das Nações Unidas (ONU), na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou na União Europeia (UE). Na última segunda-feira, Londres e Paris marcaram para o dia 11 de março uma reunião de líderes da UE para discutir a situação da Líbia.
Os dois países europeus querem que Kadafi renuncie e estão trabalhando sobre propostas “ousadas e ambiciosas” a serem apresentadas no encontro da próxima semana, disseram ambos os ministros. O premiê britânico, David Cameron, já havia dito que seu país estudava planos para a declaração de uma zona de exclusão aérea militar – área em que é proibida a circulação de qualquer aeronave sob patrulhamento constante. Já o chanceler francês destacou que essa opção pode e deve ser considerada, mas apenas se tiver o endosso do Conselho de Segurança da ONU.
Qualquer envolvimento militar estrangeiro em países árabes é uma questão delicada para as potências ocidentais, após a experiência no Iraque. O país registra diversas mortes e violência da Al Qaeda desde que a invasão liderada pelos EUA em 2003 afastou Saddam Hussein do poder. “A França não pensa que, nas circunstâncias atuais, uma intervenção militar ou forças da Otan seriam bem-vindas no sul do Mediterrâneo, podendo ser contraproducente”, pontuou Juppé. “Por isso, concordamos com planos de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia”, acrescentou.
Autoridades dos EUA dizem que não descartam qualquer possibilidade, mas a secretária de Estado Hillary Clinton afirmou esta semana que uma zona de exclusão aérea não constitui uma prioridade imediata. Diferentemente do que disse Juppé, o secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, havia afirmado na última quarta-feira que a zona de exclusão “começaria com um ataque à Líbia para destruir as defesas aéreas”.
Ajuda aos refugiados – A comissária europeia de Cooperação e Ajuda Humanitária, Kristalina Georgieva, disse nesta quinta que a Comissão Europeia concedeu uma ajuda de emergência de 30 milhões de euros para contribuir com as operações de resgate dos refugiados que fogem da Líbia para a Tunísia e os trabalhos de repatriação. Os estados-membros também se comprometeram a fornecer uma ajuda de 12 milhões de euros que será aprovada em breve.
O mesmo alerta foi feito pela alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay. Segundo ela, a situação em Ras Ajdir, fronteira entre a Tunísia e a Líbia, onde dezenas de milhares de pessoas precisam de ajuda, é “uma prioridade de primeira ordem”. Pillay reiterou o chamado efetuado por outros chefes de agências humanitárias para que a comunidade internacional contribua financeiramente na assistência às vítimas da violenta repressão do levante popular na Líbia.
O Conselho de Ministros da Itália aprovou nesta quinta o envio de uma missão humanitária para a fronteira entre os dois países. Segundo o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, a operação tem o objetivo de prestar “assistência alimentar, sanitária e pessoal” aos cidadãos que estão fugindo dos conflitos políticos locais.
(Com agências Reuters e EFE)