O papa Francisco não irá visitar a Rússia e a Ucrânia depois de uma reunião de líderes religiosos no Cazaquistão entre 13 e 15 de setembro por ordem de seu médico, devido a um problema no joelho, disse ele à rede CNN Portugal nesta segunda-feira, 5.
“Houve um pequeno contratempo após a viagem ao Canadá e meu médico me proibiu de viajar. Estou acompanhando a situação com minha dor e minhas orações. Mas a situação é realmente trágica”, disse o pontífice ao ser questionado sobre planos anteriores de visitar Moscou e Kiev após viagem ao Canadá.
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Em entrevista exclusiva à Reuters, em julho, Francisco disse que queria visitar as duas capitais para promover a paz, mas que não poderia, depois de ter sofrido “uma pequena fratura” no joelho quando deu um passo em falso enquanto um ligamento estava inflamado.
O pontífice tem expressado opiniões a respeito da guerra na Ucrânia dese que a Rússia invadiu o país vizinho, em 24 de fevereiro. Em abril, ele beijou uma bandeira ucraniana e condenou o “massacre de Bucha”, quando 410 corpos foram encontrados com sinais de execução nos arredores de Kiev.
“Notícias recentes da guerra na Ucrânia, ao invés de trazerem alívio e esperança, trouxeram novas atrocidades, como o massacre de Bucha. Essas crianças tiveram que fugir para chegar a uma terra segura. Isso é fruto da guerra. Não vamos esquecê-las e não vamos esquecer o povo da Ucrânia”, disse ele na época.
Mais tarde, em junho, o papa fez uma série de críticas à Rússia por sua ofensiva, mas insinuou que a guerra pode ter sido provocada pelo Ocidente.
“Não devemos esquecer os problemas reais se queremos que eles sejam resolvidos”, disse Francisco, que também revelou que ouviu de uma autoridade, vários meses antes da invasão russa, que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estaria “latindo nos portões da Rússia”, de modo que poderia levar à guerra.
“Nós não vemos todo o drama se desenrolando por trás dessa guerra, que talvez tenha sido de alguma forma provocada ou não evitada”, observou.
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Quando questionado se essa declaração o tornava favorável às demandas do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Francisco negou. “Seria simplista e errado dizer uma coisa dessas”, concluiu.
A manifestação mais recente ocorreu depois da morte de Darya Dugina, filha do ‘guru’ de Putin, morta após explosão de carro na Rússia. Na ocasião, o pontífice disse que ela havia morrido como mais uma vítima inocente da guerra, obrigando o Vaticano a consertar as relações com Kiev, que ficaram tensas depois da fala.