O papa Francisco denunciou nesta quarta-feira, 12, em um documento pós-sínodo da Amazônia, os interesses econômicos de empresários e políticos que contribuem para os abusos contra a natureza na região. O pontífice ainda afirma que a solução para a questão não está na internacionalização da floresta, mas sim na tomada de ações mais responsáveis pelos governos locais.
“Os danos à natureza preocupam-nos, de maneira muito direta e palpável”, afirma o texto de 32 páginas que foi publicado nesta quarta com o título “Exortação Apostólica Pós-Sínodo”. “Com efeito, além dos interesses econômicos de empresários e políticos locais, existem também ‘os enormes interesses econômicos internacionais'”, diz o pontífice, citando trechos de uma carta encíclica escrita em 2015.
“Por isso, a solução não está numa ‘internacionalização’ da Amazônia, mas a responsabilidade dos governos nacionais torna-se mais grave”, continua Francisco. O para afirma ainda que é “louvável” que organismos internacionais e organizações da sociedade civil ajam para fazer pressão para que cada governo cumpra o seu dever de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país, “sem se vender a espúrios interesses locais ou internacionais”.
Francisco também denuncia “os empreendimentos, nacionais ou internacionais, que prejudicam a Amazônia e não respeitam o direito dos povos originários” do território, algo que Francisco chamou de “injustiça e crime”.
O documento é o texto oficial do Pontificado de Francisco sobre a Amazônia, publicado após o sínodo do Vaticano sobre a região, em outubro passado. Na assembleia, o papa já havia se manifestado em diversas ocasiões em favor da preservação da floresta local e da preservação dos costumes e tradições indígenas.
Durante o encontro, também se discutiu a possibilidade de ordenar homens casados como padres na região e a proposta foi aprovada por 128 votos a 41. No texto final publicado nesta quarta, contudo, o papa não mencionou o tema, indicando sua rejeição à proposta.
O documento papal foi apresentado à imprensa pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, e o cardeal Michael Czerny, subsecretário da seção de Migrantes e Refugiados, que foi o secretário especial do sínodo da Amazônia.