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Pandemia aumenta demanda por bicicletas e ciclofaixas

Só na Europa, 2.315 novos quilômetros de ciclovias foram anunciados desde que a crise do coronavírus começou; mais de 1.000 quilômetros já foram finalizados

Por Vinícius Novelli
Atualizado em 21 ago 2020, 11h16 - Publicado em 21 ago 2020, 10h40

A necessidade do distanciamento social e a aversão aos transportes públicos durante a pandemia de Covid-19 favoreceram um dos meios de transporte mais baratos e sustentáveis da atualidade: a bicicleta. Cientes da necessidade da população de estar mais ao ar livre, praticar atividades físicas e evitar aglomerações, governos locais e federais na Europa e América Latina aproveitam a diminuição do trânsito nas ruas para investir na construção de ciclofaixas. 

Na Europa, o segundo continente a ter sido atingido pelo vírus originado na China, foi anunciada a construção de 2.315 novos quilômetros de ciclovias, segundo a Federação Europeia de Ciclistas (ECF). Desses, 1.094 quilômetros já foram finalizados, totalizando mais de 1 bilhão de euros investidos nesse meio de transporte. Paris, Barcelona, Londres e Berlim lideram o ranking de cidades que mais investiram no transporte de duas rodas.

“A bicicleta se torna uma opção de transporte individual, que diminui drasticamente os riscos de contaminação que você teria em um transporte público”, diz Luiz Vicente Figueira de Melo Filho, especialista em mobilidade urbana da Universidade Presbiteriana Mackenzie.  

Durante o caos das primeiras semanas da pandemia na Itália, o governo de Roma expandiu temporariamente em 150 quilômetros as ciclovias. Passado o tempo do confinamento e à medida que a cidade voltava à normalidade, o governo resolveu transformar as vias em permanentes. 

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Do outro lado da fronteira, na França, a mudança é política de Estada. A atual ministra do Trabalho, que já ocupou a pasta de Transportes, Elisabeth Borne, pediu ao ecologista e ativista Pierre Serne o desenho de um plano para Paris. O governo também decidiu fechar para os carros a famosa Rua de Rivoli, que dá acesso ao Museu do Louvre. Dos 71 quilômetros anunciados no projeto, já foram implementados 29 na capital, segundo a ECF.

Em Berlim, capital alemã, os 24 quilômetros anunciados já foram finalizados. A demanda por bicicletas, no entanto, já vinha crescendo. Em 2019, o mercado alemão registrou um aumento de 34% na venda das bicicletas – principalmente dos modelos elétricos, que, segundo a consultoria Delloite, pode ampliar suas vendas em 50% até 2023. Entre março e abril de 2020, porém, o país registrou um pico de vendas e algumas lojas faturaram até três vezes mais do que o normal.

Em Barcelona, na Espanha, a prefeitura teve que esperar por décadas uma oportunidade para ampliar as vias destinadas aos ciclistas, e ela veio com a Covid-19. A cidade catalã é uma das mais aglomeradas do continente e apresenta altos índices de trânsito, o que por muitas vezes impediu a Prefeitura de dar andamento nas obras. Com a diminuição do tráfego durante a crise do coronavírus, o governo conseguiu instalar os novos 150 quilômetros de ciclovias.

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Porém há um problema: a cidade está localizada em uma região montanhosa, com subidas e descidas íngremes. Para contornar o empecilho, Barcelona irá investir em um modelo que permita o compartilhamento de bicicletas elétricas, que tornam o tortuoso caminho mais confortável.

Trabalhadores da prefeitura pintam trecho de ciclovia em Barcelona, Espanha – 05/05/2020 (Manuel Medir/Getty Images)

América Latina

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O entusiasmo com a bicicleta, contudo, não se limita somente ao continente europeu. Na América Latina, Bogotá, capital da Colômbia, se tornou a cidade mais proeminente no assunto. Durante a pandemia, o governo da cidade criou 94 quilômetros de ciclovias temporárias e pretende manter permanentemente ao menos 30 quilômetros de trechos exclusivos para bicicletas.

Em fevereiro, a prefeitura anunciou um plano ambicioso de aumentar em 220 quilômetros os já 550 quilômetros existentes de ciclovias na cidade nos próximos quatro anos. O objetivo é aumentar de 7% para 50% o número de viagens feitas por bicicletas dentro da cidade.

Na Argentina, o governo fechou parte da avenida Nove de Julho e criou faixas de 200 metros de larguras exclusivas para os ciclistas. Segundo o Banco Mundial, o uso de bicicletas no país cresceu cerca de 129% em relação a 2019.

No Brasil, Belo Horizonte criou um corredor de 30 quilômetros que corta a cidade de leste para oeste. Em Curitiba, a prefeitura planeja adaptar paradas de ônibus para os ciclistas.

A cidade São Paulo não criou faixas temporárias ou anunciou planos de expandir os 504 quilômetros de vias existentes, mas a Prefeitura pretende voltar a investir nas chamadas “faixas de lazer”, ciclofaixas temporárias instaladas aos domingos e feriados. O projeto estava paralisado por falta de patrocínio.

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Para que a tendência se confirme e as pessoas possa integrar cada vez mais a bicicleta em seu cotidiano, não basta apenas pintar uma faixa na rua, uma vez que ela deve “ser uma opção segura” diz Vicente. “Se vamos estimular o uso da bicicleta, só que sem segurança, corremos um risco maior dela ser descartada no futuro”, argumenta.

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