Países membros da União Europeia (UE), incluindo Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Holanda, Áustria, Suécia, Dinamarca, Polônia e os países bálticos, reconheceram nesta segunda-feira, 4, Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
A UE havia dado como prazo a meia-noite deste domingo 3 para que Nicolás Maduro convocasse novas eleições. Caso contrário, o bloco já havia anunciado que legitimaria a liderança de Guaidó.
O presidente da Assembleia Nacional se autoproclamou presidente interino no último dia 23 para lutar contra o que qualificou de “usurpação de poder” por parte de Maduro. Sua posição já havia sido apoiada pelos Estados Unidos, Brasil, Colômbia e outras nações.
Na última quinta-feira 31, o Parlamento Europeu decidiu reconhecer Guaidó como líder interino e pediu que os países da UE fizessem o mesmo.
Maduro foi reeleito em 20 de maio, em um pleito considerado ilegítimo pela oposição e pela comunidade internacional.
Na noite de ontem, o chavista rejeitou o ultimato europeu descartando novas eleições presidenciais. O ditador disse que não dará o “braço a torcer por covardia diante das pressões”.
“Por que a União Europeia tem que dizer a um país do mundo que já fez eleições que deve repetir suas eleições presidenciais? Por que não foram vencidas por seus aliados de direita?”, questionou Maduro, entrevistado em Caracas pelo jornalista Jordi Évole.
O presidente também enviou uma mensagem a Guaidó: “Que abandone a estratégia golpista, que se quer aportar algo, sente-se em uma mesa de conversação cara a cara” com o governo de Maduro.
Reconhecimento europeu
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, revelou a decisão de sua nação de reconhecer Guadó no Twitter. Hunt disse esperar que a medida permita dar fim à “crise humanitária” na Venezuela.
“Consideramos que hoje o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, cuja legitimidade está perfeitamente reconhecida, está habilitado para convocar eleições presidenciais”, indicou, por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, em entrevista à emissora France Inter.
“Parece claro para todo o mundo, inclusive os europeus, que é preciso sair desta crise com uma eleição que seja completamente legítima” para a chefia de Estado, já que a Venezuela é um país com regime presidencial, argumentou o chefe da diplomacia francesa.
Le Drian explicou que hoje haverá consultas entre a França e seus parceiros europeus para constituir um grupo de contato “para acompanhar a transição, não para ser neutro”.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, também declarou oficialmente o presidente da Assembleia Nacional como “presidente encarregado” da Venezuela.
A posição de Portugal foi anunciada por um comunicado do Ministério de Relações Exteriores, cujo titular, Augusto Santos Silva, se pronunciará sobre o assunto em uma coletiva de imprensa marcada para o meio-dia.
“Para nós, Guaidó é, em consonância com a Constituição, presidente interino da Venezuela”, afirmou o ministro de Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, em sua conta no Twitter, acrescentando que “lamenta” que Maduro não tenha atendido o ultimato europeu.
Maas também anunciou que a Alemanha disponibilizará 5 milhões de euros em assistência humanitária para atenuar a “dramática situação” do povo venezuelano “assim que as condições políticas o permitirem”.
Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Stef Blok, explicou que a postura de seu país de legitimar Guaidó tem como objetivo “proporcionar ao povo venezuelano seu direito constitucional” de participar de um “processo eleitoral justo, livre e democrático, adaptado o máximo possível aos padrões internacionais”.
Já a ministra das Relações Exteriores da Suécia, Margot Wallström, afirmou que seu país “nunca” reconheceu as eleições presidenciais venezuelanas do ano passado, boicotadas pela oposição e das quais Nicolás Maduro foi o vencedor, por isso considera Guaidó como “único representante legítimo do povo venezuelano”.
Outro país nórdico, a Dinamarca, já tinha reconhecido ontem o presidente da Assembleia Nacional em mensagem do seu ministro das Relações Exteriores, Anders Samuelsen, no Twitter.
“Acabo de falar com Guaidó e expressei o apoio total da Dinamarca à luta pela democracia do povo venezuelano. Uma boa conversa com um homem incrível e corajoso. Última oportunidade para o regime corrupto de Maduro de escolher o caminho da democracia”, escreveu Samuelsen.
Os governos dos três países bálticos, Estônia, Lituânia e Letônia, também reconheceram nesta segunda-feira Guaidó como “presidente interino”, com a incumbência de preparar eleições presidenciais “limpas e democráticas”.
“As eleições presidenciais de maio do ano passado não foram limpas e nem de acordo com os padrões internacionais”, declarou o ministro de Relações Exteriores da Estônia, Sven Mikser, em comunicado.
(Com EFE)