Meia-volta volver! Os planos de alguns países europeus de retomar atividades não essenciais – e voltar a ter uma vida o mais próximo do normal possível – resultou em um aumento indesejado dos casos de Covid-19 e está obrigando as autoridades a reverem medidas de relaxamento do isolamento social.
Em Portugal, um dos países mais bem sucedidos no combate ao coronavírus, a doença avançou na periferia de Lisboa, o que levou as autoridades a decretarem quarentena em dezenove regiões da capital. A partir da semana que vem, os moradores poderão deixar suas casas apenas para comprar produtos essenciais, como alimentos e medicamentos, e para se deslocarem para o trabalho.
“A única forma eficiente de se controlar a pandemia é ficar em casa sempre que possível, manter o distanciamento social a todo tempo e sempre manter os padrões de proteção e higiene”, disse o primeiro-ministro Antonio Costa.
A medida estará em vigor entre 1 e 14 de julho, quando será revisada. Nas dezenove áreas designadas, haverá um limite de até cinco pessoas para reuniões – na grande Lisboa, o limite é de dez pessoas e, no resto do país, vinte.
O governo português já havia determinado uma espécie de toque de recolher da vida noturna, ordenando que todos os estabelecimentos comerciais, excluindo os restaurantes, fossem fechados às 20h. A medida se tornou necessária depois que a polícia interveio para acabar com festas que chegaram a reunir até mil pessoas no litoral, próximo à capital portuguesa.
Com 40.415 infecções e 1.549 mortes pelo coronavírus, Portugal é apontado como caso de sucesso na luta contra doença. O país começou a suspender as medidas de lockdown em 4 de maio.
Reino Unido
O Reino Unido também admite rever algumas medidas de abertura. O ministro da Saúde, Matt Hancock, disse nesta sexta-feira que há possibilidade de fechamento das praias, depois que milhares de pessoas foram passar o dia à beira-mar.
“Temos o poder. Sou reticente a utilizá-lo, porque tivemos um período de confinamento bastante duro e quero que todo mundo possa aproveitar o sol. Mas, a chave para fazer isso é respeitando as regras”, disse o integrante do governo, em entrevista à emissora de rádio britânica TalkRadio.
Durante essa semana, as praias de Bournemouth, Christchurch e Poole, todas na Inglaterra, ficaram completamente tomadas, sem que população observasse o uso de máscaras e o distanciamento necessário para prevenir o contágio do novo coronavírus.
O deputado Tobias Ellwood, do Partido Conservador, que é da região, não escondeu a irritação pela grande presença de pessoas nas praias locais. “Não só é irresponsável, mas perigosa. Tivemos muitos progressos para conter a pandemia, e não gostaria de ver Bournemouth como o lugar do Reino Unido onde acontece um segundo pico”, disse o parlamentar.
A medida, porém, ainda vai depender do comportamento da doença. “Se enxergarmos um pico no número de casos, então tomaremos medidas”, admitiu o ministro da saúde.
O Reino Unido adotou várias medidas de relaxamento da quarentena essa semana, incluindo a reabertura dos pubs, tradicionais bares britânicos, onde os ingleses costumam se reunir durante o happy hour.
Alemanha
Na Alemanha, onde o isolamento é regulado pelos estados, o crescimento dos casos de Covid-19 voltou a acontecer. Entre a semana passada e a atual, o número de contágios subiu 36,7%, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford, realizado em parceria com o jornal britânico The Guardian.
O estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália determinou quarentena em dois distritos , Gütersloh e Warendorf, após a eclosão de um surto de 1.500 casos em um matadouro de animais.
Segundo o mesmo estudo, dez países que amenizaram as medidas de isolamento social, voltaram a registrar aumento no número de casos, de uma semana para outra. Cinco deles, estão na Europa: Alemanha, Ucrânia, Suíça, França e Suécia.
A volta das medidas de restrição acontece às vésperas da reabertura das fronteiras externas da União Europeia, prevista para acontecer em 1° de julho. O bloco está elaborando uma lista para determinar quais são os países cujos cidadãos estarão autorizados a ingressar no território europeu. cidadãos brasileiros e americanos não estão incluídos em uma lista preliminar, obtida pelo jornal The New York Times.