A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deve decidir na quinta-feira, 24, pelo aumento de forças militares em seu flanco oriental, afirmou o chefe da aliança militar, em meio aos avanços militares russos na Ucrânia. Na véspera de um encontro junto ao G7 e à União Europeia, o secretário-geral Jens Stoltenberg também alertou a Rússia contra o uso de armas nucleares.
A decisão, que será tomada durante cúpula em Bruxelas marcada para as 6h, horário de Brasília, segue um aumento expressivo de presença militar na fronteira leste da aliança, com cerca de 40.000 soldados espalhados pelo países bálticos e pelo Mar Negro. Agora, a Otan espera enviar quatro novas unidades de combate em Bulgária, Hungria, Romênia e Eslováquia.
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“Espero que líderes concordem em fortalecer a postura da Otan em todos os domínios, com grandes aumentos na parte leste da aliança. Na terra, no ar e no mar”, disse Stoltenberg em entrevista à imprensa nesta quarta-feira, 23.
A fala se dá poucas horas após o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmar o que o envio de tropas seria “muito imprudente” e “extremamente perigoso”. Segundo o representante, “qualquer possível contato entre nosso Exército e o Exército da Otan pode levar a consequências bastante compreensíveis que são difíceis de ser reparadas”.
Segundo Stoltenberg, a crise na Ucrânia mostrou que a Otan precisa mudar sua postura em relação a dissuasão e defesa no longo prazo, e o assunto deve ser discutido na próxima cúpula regular, marcada para o final de junho em Madrid.
Em fala nesta quarta-feira, antecipando tópicos que devem ser abordados por líderes, Stoltenberg afirmou também que espera um acordo para garantir apoio à Ucrânia diante de “ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares”.
“Amanhã, espero que os aliados concordem em oferecer apoio adicional, incluindo assistência para cibersegurança, assim como equipamento para ajudar a Ucrânia a se proteger contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares”, disse o político norueguês, em entrevista coletiva.
Stoltenberg não quis dar detalhes sobre o tipo de equipamento que os membros da Otan poderiam oferecer à Kiev para a defesa neste tipo de cenário, mas garantiu que a aliança está preocupada pela possibilidade de uso destes tipos de armas.
Ele relembrou que o Kremlin já utilizou agentes químicos contra opositores e também no território da Otan, como no ataque ao ex-espião russo Sergey Skripal e a filha dele, na cidade de Salisbury, no Reino Unido, em 2018.
“A Rússia foi parte do uso de armas químicas na Síria. Sustentou e apoiou o regime de Bashar al-Assad, que usou armas químicas várias vezes. Assim, estamos preocupados, e essa também é a razão pela qual estamos preparados e tentaremos amanhã modos de oferecer apoio à Ucrânia para se proteger”, explicou.