O opositor Conselho Nacional Sírio (CNS) lamentou nesta quinta-feira a adoção da declaração pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas na véspera, alegando que o texto não recrimina a repressão desencadeada pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, contra os civis.
“Esse tipo de declaração, em meio a contínuas matanças, dá ao regime a oportunidade de prosseguir com a repressão para esmagar a revolta do povo sírio”, afirmou à AFP por telefone, em Istambul, Samir Nashar, do comitê executivo do CNS.
“É hora de o Conselho de Segurança da ONU usar seus poderes para frear os massacres. Não há, de forma alguma, como chegar a um compromisso com o regime Assad”, enfatizou.
O Conselho de Segurança aprovou na quarta-feira uma declaração na qual convoca a Síria a aplicar imediatamente o plano de paz proposto pelas Nações Unidas e pela Liga Árabe, formulando uma advertência velada sobre eventuais medidas internacionais.
Após intensas negociações entre as potências, Rússia e China aprovaram uma proposta redigida pelos países ocidentais que pede ao presidente sírio que atue para pôr um fim às hostilidades e por uma transição democrática.
A declaração presidencial, com menos peso do que uma resolução formal, dá um forte apoio a Annan e ao plano de seis pontos que pôs sobre a mesa de negociações em Damasco no início deste mês.
O Conselho “convoca o governo e a oposição da Síria a trabalharem de boa fé com o enviado sobre um acordo de paz na crise síria e a implementar de forma completa e imediata sua proposta inicial de seis pontos”.
Enquanto isso, prosseguiam nesta quinta-feira os confrontos que recentemente alcançaram a capital entre soldados e desertores. O Exército Sírio Livre (ESL), que reúne principalmente militares dissidentes, anunciou a criação de um Conselho Militar para Damasco e sua região.
A violência vinculada à repressão da revolta que sacode a Síria há mais de um ano já deixou mais de 9.000 mortos no país, segundo o OSDH.
As tropas governamentais realizaram nesta quinta ataques contra várias cidades rebeldes, em especial Sarmine, na província de Idleb (noroeste), onde um adolescente de 17 anos morreu.
No total, 26 pessoas morreram nesta quinta-feira no país, entre eles soldados do Exército, segundo a ONG.
Dez civis, incluindo três crianças e duas mulheres, também morreram após um ataque a um ônibus a bordo do qual fugiam da violência na província de Idleb (noroeste).
Nove passageiros, membros de duas famílias, morreram, assim como o motorista, quando o ônibus se encontrava perto da cidade de Sermine.
Em declarações à AFP, Milad Fadl, um militante da Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS), afirmou que “as forças do regime atiraram em um ônibus que transportava refugiados pela estrada entre Idleb e Sarmin em direção à Turquia”.
A União Europeia (UE) vai adotar na sexta-feira uma nova série de sanções contra o governo sírio dirigidas, em parte, à esposa presidente Bashar al Assad.
Asma al-Assad faz parte de uma lista de doze pessoas que inclui vários membros da família Assad, cujos bens serão congelados e cujos deslocamentos serão proibidos dentro da UE, afirmou um diplomata que não quis ser identificado.
A decisão de sancionar Assad deve ser formalizada numa reunião de ministros europeus das Relações Exteriores em Bruxelas.