Manifestantes da oposição bloquearam ruas das principais cidades da Bolívia na última segunda-feira, 11, em protesto contra a gestão do presidente Luis Arce, que dizem promover “perseguição política”. Em resposta, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão em La Paz e na cidade de Cochabamba, no centro do país.
É a primeira vez que o presidente de esquerda enfrenta protestos desde que chegou ao cargo, há mais de um ano. Impulsionado por adversários que o acusam de perseguir rivais políticos, os manifestantes exigem a libertação de Jeanine Áñez, presa sob acusação de liderar um golpe para destituir o então presidente Evo Morales, em 2019. Ela também é acusada de genocídio pela repressão a manifestantes em 2019.
Os maiores focos da manifestação ocorreram em Laz Paz, Cochabamba, Santa Cruz — departamento onde fica o maior centro comercial boliviano —, e também em Tarija, no sul do país.
Na capital, o protesto recebeu apoio de grande parte do setor varejista que, embora não faça parte da oposição a Arce, é contrário a uma lei discutida no Parlamento que permitiria ao governo investigar os bens de qualquer cidadão sem a necessidade de uma ordem judicial. O polêmico projeto exige ainda que advogados e jornalistas revelem informações de seus clientes.
No centro de La Paz, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão após ameaça de confrontos entre manifestantes e membros pró-governo, ao mesmo tempo em que duas pessoas foram presas em Cochabamba. Já Santa Cruz, reduto da oposição de direita, ficou quase totalmente paralisada devido aos protestos.
Além da libertação de Áñez, a oposição pede também a soltura dos prefeitos de La Paz e Cochabamba, do governador de Santa Cruz, além dos ex-presidentes Carlos Mesa e Jorge Quiroga.
De acordo com os opositores, o atual governo os acusa de tentar dar um golpe de estado contra o ex-presidente Evo Morales, aliado de Arce, que o levou a renunciar após manifestação que terminou com 37 mortos.
Em julho de 2019, a Procuradoria Geral da Bolívia acusou Morales de supostos crimes de terrorismo e voltou a pedir sua prisão preventiva. Outra ordem de prisão por sedição e terrorismo havia sido proferida em dezembro contra o ex-presidente (2006-2019), após renunciar à Presidência em 10 de novembro em meio a uma convulsão social e a acusações de fraude eleitoral, posteriormente rejeitadas.
Morales renunciou sob pressão das Forças Armadas em meio a uma crise desencadeada após uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter estabelecido que houve “manipulação dolosa” a favor do mandatário na eleição em que buscava seu quarto mandato consecutivo.